Artesanato, música, poesia tudo junto em prol do cerrado maranhense. É o que propõe, o trabalho musical e artesanal da quebradeira de coco babaçu, Rosalva Gomes, de Imperatriz, que está em São Luís e se encontra com o compositor e músico Chico Nô para juntarem letras que defendem o bioma com a melodia. Ambos são da região Tocantina.

Rosalva criou a linha Preta Rosa Arte em Coco – uma referência da importância do Babaçu em sua imensa diversidade que, de tão imensa se torna arte. E também uma referência à ancestralidade que acompanha essas mulheres por meio de suas histórias que passam de mãe para filha, há muitas gerações. O babaçu e toda sua variedade de produtos é responsável pelo sustento de milhares de família no interior.

Rosalva Gomes é uma liderança como quebradeira de coco babaçu no Sul do Maranhão. Para proteger e garantir acesso aos babaçuais, Rosalva, assim como muitas mulheres, tomou a frente da luta e dedicou suas vidas à causa, sendo militante pelo acesso livre ao território. Já ministrou várias oficinas que ensinam as jovens quebradeiras de coco babaçu outras maneiras de produzir renda a partir dos derivados do coco, no caso a arte.

As quebradeiras possuem sua cultura ligada intimamente à palmeira do babaçu, que chamam de Mãe Palmeira. Do babaçu conseguem produzir mais de 65 produtos. Do coco, que vira azeite, óleo, farinha, leite e sabão. Da palha e da casca, se faz artesanato, bioconstruções e carvão para preparar os alimentos.

Já Chico Nô é nascido em Imperatriz e iniciou seus estudos musicais na Escola de Música Lilah Lisboa (EMEM). Depois partiu para o Rio de Janeiro, onde tocou na noite da Vila Isabel, reduto boêmio de nomes como Martinho da Vila e Noel Rosa, influência confessa do maranhense.

Em São Luís, Chico Nô passeia por diversas vertentes musicais, integrando grupos como o Cacuriá de Dona Teté (que acompanha há oito anos), o Trio Tom (onde seu violão soma-se à flauta de Zezé Alves e à percussão de Lazico), o grupo genuinamente nordestino Xaxados e Perdidos (cujo repertório é composto basicamente de forrós, xotes e baiões), além de uma carreira solo, onde destacam-se shows como o “Samba com Mandinga” (cujo repertório faz releituras de sambistas anônimos e consagrados, além de apresentar musicas autorais) e o “Sambumbaião” (onde mescla, como o nome indica, samba, bumba-meu-boi e baião).

Merece destaque ainda, sua atividade como compositor de trilhas sonoras para espetáculos teatrais e cinema, sua profunda ligação com os movimentos sociais (notadamente o MST), além de sua participação no projeto Tonico e Outros Bambas, idealizado pela produtora Vanessa Serra, que movimentou a cena choro de São Luís no começo dos anos 2000; sua participação deu-se em homenagem ao já citado Noel Rosa, ocasião em que Chico Nô vestiu-se a caráter, para um tributo ao carioca.