Tem sido recorrente se falar em segurança pública no Brasil. Nesse sentido, todos têm uma solução mágica, um remédio milagroso, uma pedra filosofal que vai desde a defesa do endurecimento da penas, através da constitucionalização da pena de morte (esta que causa frenesi e êxtase na grande massa, quando pronunciadas por “pit bulls” populistas, que se arvoram, choram e gritam: “bandido bom é bandido morto”) até aqueles que advogam pelo abrandamento ou extinção de crimes, como a liberalização das drogas.

Fala-se de segurança pública da mesma forma infantil e rasteira como se falam de futebol. Todos sabem o que fazer, onde mexer, o que está faltando. O quadro piora quando essas “soluções” são apresentadas logo após uma enxurrada de notícias “midiáticas” propagandeando algum “acidente” (conforme o presidente Temer). Essas fórmulas mágicas reverberam nas casas legislativas e no Ministério da Justiça, fazendo minar respostas para tudo, numa febril e alucinante rapidez, possibilitando um ambiente propício para discursos inflamados, apaixonados e carregados de sensacionalismo e ganham ares de salvação da pátria.

E a violência? Os indicadores são assustadores (de guerra civil) e o desfile de sugestões, projetos e programas para redução da criminalidade e da violência, que se apresentam como saídas mirabolantes, engenhosas e geniais são igualmente assustadores. Proponho uma análise a partir de várias perspectivas e isento de crenças por entender que a violência e a criminalidade são fenômenos multidisciplinares que necessitam de uma análise científica mais ampla que envolva tanto o poder público quanto setores da sociedade civil organizada e pesquisadores da área.

 


*Doutorando, mestre e graduado em História; pesquisador em História Social do Crime, Polícia, Aparatos de Policiamento e Segurança Pública.