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O prefeito, o parlamento e as redes sociais

É preciso deixar bem claro que o isolamento político que o prefeito enfrenta na câmara municipal foi construído por ele mesmo desde a sua chegada no Palácio La Ravardiere.

Com o intuito de aparecer sozinho e ser o centro das atenções da sua gestão, Braide centralizou as ações da prefeitura em torno do seu perfil no instagram onde faz do seu governo uma espécie de reality show, porém, nem tanto real e com muita coisa embaixo do tapete como a falta de transparência na contratação de creches para organização de eventos milionários, entre outros.

Basta observarmos o levantamento de 2024 da Transparência Internacional e constatar que a falta de dados no pagamento de emendas, contratações emergenciais classificaram gestão do Prefeito de São Luís apenas como regular, ou seja, para quem se vende como um dos melhores do Brasil, ser atestadamente regular em transparência já demonstra um pouco da verdadeira personalidade do Braide que não aparece em suas redes sociais.

Essa semana com a retomada dos trabalhos da câmara ficou claro que o clima em 2025 continuará beligerante e entre, emendas, vetos e embates no plenário, parece que chamar o Douglas ainda não foi uma boa alternativa para Eduardo Braide.

Os vetos e os “berros” nas redes sociais dessa vez não foram suficientes para o prefeito manter o discurso de vitima ao recusar o aumento de salário proposto pela Câmara alegando que o valor equivalente a cidade de São Paulo iria comprometer o orçamento municipal, mas Braide “esqueceu” de mencionar que os salários do seu secretariado estão no mesmo patamar da capital paulista e num projeto proposto pelo vereador Daniel Oliveira (PSD) que até o ano passado era líder do seu governo na Câmara.

O Prefeito também “esqueceu” de destacar no seu lamento, que atrelado ao seu salário estão mais de 400 servidores impossibilitados de terem reajuste para o Prefeito posar de humilde com carinha de perseguido nas redes sociais.

Mas o que deixou Braide extremamente irritado foi redução do limite de gastos direto do executivo, o Prefeito queria poder movimentar livremente cerca de 1 bilhão e 400 mil reais. A Câmara limitou para algo em torno de 350 milhões, porém deixando claro que a casa está aberta ao diálogo para qualquer necessidade da prefeitura.

A impressão que fica é que os vereadores optaram por um posicionamento mais seguro em relação ao orçamento em virtude dos escândalos recentes envolvendo contratos milionários para eventos realizados sem licitação e sem transparência, entre outros contratos feitos a “toque de caixa”.

Por outro lado, o Prefeito dá sinais que vai continuar apostando na dissimulação nas redes sociais, afinal dizer em vídeo que o ritmo das obras vai diminuir porque a câmara está cobrando mais transparência e ciência dos gastos realizados pelo executivo é mero populismo contemporâneo, além do mais, o ritmo das obras já diminuiu desde que terminou a eleição e só essa semana o prefeito num mero jogo de cena foi “acelerar” a obra da UEB Sidney Castelo Branco numa clara a necessidade de produzir conteúdo para internet requentando anúncio de obras do ano passado.

 

 

 

 

 

A lista dos candidatos sem mandatos na câmara com boas chances na eleição

Normalmente em períodos de eleições surgem listas com os mais cotados ganharem a corrida para a câmara municipal. Esse ano não é diferente e já apareceram algumas e nelas os vereadores de mandato acabam sendo os favoritos.

Tradicionalmente o percentual de renovação na câmara fica entre 30 e 40 por cento, dentro dessa perspectiva de mudança, elaboramos uma lista com alguns nomes que não possuem mandato, mas que tem  boas chances de serem eleitos.

Raimundo Jr  – É Genro da secretaria de Estado Helena Duailibe e irmão de Natércio Santos que é o braço direito do Prefeito Julinho em Ribamar, Raimundo trabalha há décadas nas comunidades carentes em parceria com várias paroquias de São Luís. Tem a simpatia da comunidade católica e cristã, além de uma grande estrutura eleitoral do grupo que o apoia.

Honorato Fernandes – É o nome forte do PT para retornar a câmara, teve dois mandatos bem avaliados, mas em 2020 sacrificou a sua reeleição para ser candidato a vice numa conjuntura para fortalecer a esquerda da capital. Hoje vem com um projeto consolidado com o apoio de nomes como Bira do Pindaré, do deputado estadual Zé Inácio e o compromisso do governador Carlos Brandão para a sua eleição.

Cleber Verde Filho – O filho do Deputado Federal Cleber Verde vem com toda a estrutura do pai e com o compromisso do prefeito Eduardo Braide na sua eleição.

Alessandra Araújo – Gestora pedagógica da rede estadual de ensino atuando há 29 anos na educação desenvolvendo projetos como reconhecido diálogos socioemocionais. Alessandra é esposa de Eliel Gama presidente do INMEQ e do Cidadania, tem forte atuação na comunidade evangélica e será a candidata da senadora Eliziane Gama em São Luís.

Wesley Sousa – O suplente de vereador, professor e músico tem formação no projeto renova BR. É muito atuante nas redes sociais e sempre se posicionando a favor das minorias. Chegou a ocupar uma vaga na câmara municipal, mas impôs um ritmo de trabalho intenso que incomodou a maioria dos ausentes no parlamento.

Joabson Junior – Ex gestor do comitê de limpeza da gestão de Eduardo Braide e atual secretario adjunto de meio ambiente do Maranhão. Joab vem dobrando as votações nas últimas eleições e um dos nomes fortes do União Brasil. Possui um grupo de lideranças muito grande e tem forte atuação nos bairros da Cohab e Forquilha.

Rejany Braga – A suplente de vereadora tem uma atuação muito forte na região do Santa Barbara e São Raimundo, além de ser muito conhecida no meio do mercado de entretenimento em São Luís.

Douglas Pinto – Chame o Douglas, com o jargão muito conhecido em São Luis, o jornalista atendeu um chamado do prefeito Braide e vai encarar a disputa na câmara, o seu grande desafio será transformar a popularidade da televisão em voto.

Fabio Macedo Filho – O filho do deputado federal Fábio Macedo vem com uma grande estrutura e um grupo forte com mais de 500 lideranças na capital.

Qual é o plano… Diretor?

A arte imita a vida. Uns dizem que sim, outros dizem que não. Alguns falam que a arte é uma fuga da realidade, Oscar Wilde disse que a vida imita a arte muito mais que a arte imita a vida, Woody Allen acha que a vida não imita a arte, a vida imita um programa de televisão ruim, eu já acho que todos têm um pouco de razão.

Pegando o gancho da arte, quem é fã de histórias em quadrinhos e séries do Batman já deve ter ouvido falar de Gotham City, a cidade fictícia dominada pelo crime. Lá a sociedade se acostumou a conviver com a corrupção de políticos e suas conexões com o submundo. Criada para ser o espelho das grandes metrópoles do mundo, em sua periferia existe o Asilo Arkham, um hospício isolado para pessoas confinadas já desenganadas pela sociedade.

Vamos suspender um pouco a ficção e beber na fonte da história.  A São Luís da década de 30 enfrentava o ápice da crise da hanseníase, com pessoas doentes sendo apedrejadas e assassinadas nas imediações do bairro da Madre Deus. Naquela região periférica existia o Asilo do Gavião, também conhecido como o purgatório dos Lázaros, abrigo e refugio desde 1870 para os pacientes que não tinham mais perspectivas de vida. A “solução” encontrada pelo então governador Aquiles Lisboa, que também era médico, farmacêutico e membro da Comissão Central Brasileira de Eugenia, foi levar esses doentes para o isolamento na comunidade do Bonfim na área Itaqui Bacanga que sequer tinha a barragem naquela época e com esse mesmo currículo Aquiles Lisboa foi condecorado na Assembleia Legislativa como pioneiro no tratamento da hanseníase.

Um caso claro onde a arte imitou a vida e qualquer semelhança de Aquiles Lisboa com Hugo Strange é mera coincidência.

Mas vamos avançar no tempo, porém continuando na área Itaqui Bacanga e também flertando com Gotham. Ultimamente tem aumentado o interesse pela área Itaqui Bacanga, afinal é uma área que tem o Porto do Itaqui e uma alta densidade eleitoral.

Na discussão dos nomes para ocupar o posto maior da EMAP, havia um impasse pela manutenção de Ted Lago, mas pesou a insistência do governo em aplicar os recursos do porto fora da poligonal delimitada por lei. A solução foi escalar Gilberto Lins, ex presidente da MOB para ser o manda chuva na área do porto. A experiência de 7 meses comandando o serviço de transporte de ferry boats foi suficiente para ser escolhido  e nem mesmo o desgaste da “solução” Jose Humberto para a crise recente na travessia São Luís / Cujupe  foi levado em consideração.

Com a maioria dos postos ocupados, os nomes definidos e as missões dadas, o presidente interino da câmara municipal, o vereador Francisco Chaguinhas, que por sinal lembra vagamente o personagem Pinguim de Gotham, tem mirado em suas declarações no prefeito Braide, colocando o porto como fomento de desenvolvimento da região e o usando o plano diretor como sustentação dos ataques.

Vamos analisar algumas de suas verborragias:

“Foi preciso exorcizar o plano diretor para sair”

Bom o atual plano diretor de São Luís foi implantando em 2006 por pressão do Ministério Público. Por coincidência foi no mesmo período que  Chaguinhas teve seu primeiro mandato de vereador. Podemos concluir então que o atual presidente interino da câmara municipal teve uma  convivência harmoniosa com o “maligno” plano diretor por 17 anos e não fez absolutamente nada até então.

Outra frase estranha do vereador defensor da família tradicional maranhense foi a seguinte:

“A sociedade precisa entender que o Plano Diretor não é um salvador, mas ele é a norma necessária para poder amarrar o péssimo gestor e dar asas para o bom gestor voar.”

É importante deixar claro que até recentemente Chaguinhas era aliado do atual prefeito Braide. Mas a relação desandou depois da ascensão de Paulo Vitor cooptando os vereadores com a força dos Leões  distribuindo cargos na maquina administrativa estatal para ter o controle da câmara e consequentemente desgastar a relação com o atual prefeito. O próprio Chaguinhas já deixou claro que esta na presidência casa para dar continuidade às ações de Paulo Vitor.

Sobre o Plano Diretor propriamente dito, ninguém fala ou discute a proposta de avanço da zona urbana sobre a zona rural. Não se discute a importância da preservação dos lençóis freáticos na própria aérea Itaqui Bacanga, que tem na ponta da madeira uma formação Itapecuru que vem desde o período cretáceo e está ameaçado.

Na proposta atual desse plano o município perderia ainda 162 hectares de áreas de recarga de aquíferos, importantes tanto para a captação de água para consumo como para a prevenção de enchentes e alagamentos.

Mas pelo visto nada disso importa para o presidente interino da câmara que esta cumprindo a missão que lhe foi passada, resta saber apenas quando aparecerá o bem feitor para “salvar” Gotham City de todo esse mar de crimes e corrupção.

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