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Bancada Maranhense apoia criação de nova universidade no Sul do Estado

Na noite da última segunda-feira (17), em jantar oferecido pela UFMA aos parlamentares membros da bancada maranhense, o deputado federal Márcio Jerry (PC do B) confirmou o seu apoio ao projeto de criação de uma nova universidade federal para o Maranhão. Estavam presentes, representando os parlamentares, além de Jerry, os deputados federais Duarte Júnior (PSB) e Pastor Gil (PL).

O evento foi organizado pela reitoria da UFMA e era uma oportunidade de a universidade apresentar a sua estrutura e, principalmente, as ações feitas com as emendas parlamentares que os deputados enviam, anualmente,  à instituição. O pró-reitor da Ageufma, Fernando Oliveira, iniciou as apresentações da noite, com  os números da universidade e fez uma relação das obras que ainda necessitam de recursos para a sua conclusão, como o Espaço da Ciência e do Firmamento. Depois, a professora Mikele Santana apresentou a proposta da criação dos dois novos centros, um em Cururupu e outro em Alcântara.

A mesa foi formada pelos deputados Márcio Jerry, Pastor Gil e Duarte Júnior, além do secretário da Casa Civil, ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, do reitor Natalino Salgado Filho e do vice-reitor, Marcos Fábio Belo Matos.

Todos os discursos reforçaram a necessidade da nova universidade. O deputado Márcio Jerry, que é líder da bancada maranhense no congresso, se comprometeu em realizar, para  breve, uma audiência com o Ministro da Educação, Camilo Santana, “com pauta única”, para dar os encaminhamentos necessários à efetivação da criação da universidade.

Na sua fala, o reitor Natalino Salgado fez questão de apresentar os diretores dos centros de Balsas, professora Gisélia Brito dos Santos, de Grajaú, professor Aluísio José Fernandes Júnior e Imperatriz, professor Leonardo Hunaldo dos Santos. A universidade será criada a partir do desmembramento desses três centros.

Natalino Salgado também registrou que a UFMA poderá, em contrapartida ao desmembramento para a criação de uma nova IFES, instalar dois campus novos: um centro tecnológico em Cururupu, dedicado à pesca, e um centro em Alcântara, voltado para a área aeroespacial. “Nós estamos num novo governo, buscando também alternativas de apoio da nova bancada para nossos projetos”, explicou.

HISTÓRICO – O projeto de criação de uma nova universidade federal para o Maranhão não é novo, como lembrou o secretário da Casa Civil, Sebastião Madeira. Ele remonta aos anos 1990, quando foi apresentada a ideia da criação da UFPAM. Depois houve a iniciativa de criar a UNIVAT, capitaneada pela então deputada Roseana Sarney. Quando Madeira era deputado, nos 16 anos em que esteve na câmara, também ele foi protagonista de um projeto de criação de universidade. Em 2018, o então deputado federal e agora prefeito de Porto Franco, Deoclides Macedo, movimentou o projeto de criação da UFMASUL e,  mais recentemente, entre 2019 e 2022, o ex-senador Roberto Rocha tentou implantar a UFAMA.

“As condições agora são diferentes. Temos na presidência uma pessoa que, nos seus dois primeiros mandatos na presidência, criou 18 universidades federais. E, dessa vez, temos o apoio de não uma pessoa, mas de toda uma bancada de deputados e senadores do Maranhão para este projeto. São as melhores condições que já tivemos para que ela saia do papel”, afirmou o professor Marcos Fábio, vice-reitor da UFMA e membro do Movimento Nova Federal MA, criado em 2020 para impulsionar as ações em prol da nova universidade.

APOIOS INSTITUCIONAIS – O professor Natalino Salgado, na sua fala, lembrou que em 24 de setembro de 2020, por meio da Resolução 326/CONSUN, a UFMA, no seu Conselho Universitário – CONSUN, aprovou uma  Moção de Apoio à criação da nova universidade federal na região sul-sudoeste maranhense.

Em busca de apoio para a ideia, em 2020 o Movimento Nova Federam Maranhão lançou suas redes sociais; entregou um abaixo-assinado ao então Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; realizou uma live na página do ImperatrizOnline com as presenças do senador Roberto Rocha, do Reitor Natalino Salgado e, representando o Movimento Nova Federal Maranhão,  os professores Helio Araújo (Curso de Ciências Contábeis), Herli de Sousa Carvalho (Curso de Pedagogia), ambos de Imperatriz, e a professora Lina Smith, da cidade de Balsas. Ainda naquele ano, foi publicada uma Moção de Apoio da Câmara de Vereadores de Imperatriz, por iniciativa do vereador Zeziel Ribeiro.

Em 2021, novamente o Movimento Nova Federal Maranhão tomou a iniciativa e enviou para os parlamentares maranhenses um abaixo-assinado, contendo mais de 50 entidades representativas dos municípios de Imperatriz, Grajaú e Balsas e os nomes dos membros da  Comissão Executiva do Movimento Nova Federal Maranhão.

E está prevista para o dia 27 de abril, na Câmara de Vereadores de Imperatriz, uma audiência pública, solicitada pelo Vereador Carlos Hermes (PC do B) e que deverá ter a presença da Senadora Eliziane Gama, também apoiadora da proposta, além de políticos da região.

Para o diretor do Centro de Ciências de Imperatriz (CCIm), Leonardo Hunaldo, esses apoios são fundamentais. “Não conseguiremos êxito nesta iniciativa se não houver um apoio forte da sociedade organizada e da classe política, sobretudo da região sul-sudoeste do estado. Este é um projeto que tem que ser abraçado por todos”, afirmou.

ESTRUTURA – De acordo com as informações apresentadas na cerimônia de ontem, pelo professor Fernando Carvalho, a nova universidade nascerá com uma estrutura que engloba: 5.512 alunos, 255 professores e 101 técnicos administrativos, espalhados por três câmpus, nas cidades de Imperatriz (Unidades Centro e Bom Jesus), Grajaú e Balsas. São, ao todo, 15 cursos de graduação, 05 mestrados e 01 doutorado. “Essa universidade, ao contrário de muitas que foram criadas nos dois mandatos do presidente Lula, já nasce quase pronta, com uma estrutura grande e que atende ao projeto de uma universidade madura”, afirmou o professor Marco Antonio Gehlen, Assessor de Infraestrutura do CCIm.

VANTAGENS – Para o professor Marcos Fábio, são muitas as vantagens que essa nova universidade trará: “As vantagens de uma nova universidade são muitas: autonomia financeira, autonomia para definir sobre criação de novos cursos, gestão mais localizada, uma forte visão contextual, um ânimo novo para crescer e se desenvolver. Não precisamos ir longe: basta olharmos para o caso da nossa vizinha Uemasul, que, em cinco anos, nada lembra aquele acanhado campus perto da TV Difusora, em Imperatriz”.

A Gisélia Brito, Diretora de Balsas, acredita que a nova instituição trará mais oportunidade de formação profissional para a região: “A criação da nova Federal paga uma dívida que o governo tem com o Maranhão, este, único estado do país que só tem uma universidade Federal. Com esta criação, um leque de oportunidades se abre à região sul maranhense, principalmente no que se refere à formação de profissionais para atuarem nas diversas áreas do mercado e também na própria academia. Temos a intenção de consolidar os cursos que já temos e de ofertar novos cursos a partir de nossa realidade sul maranhense, das demandas particulares desta região. Por fim, com o fortalecimento da região sul, esta nova federal continuará (como UFMA hoje já fazemos) cumprindo e terá mais condições de cumprir com seus papéis, entre os quais citamos a transformação social e educacional dos discentes que dela fazem parte, de seus familiares e de toda a comunidade que a circunda”.

O professor Aluísio Fernandes, por sua vez, acredita que a nova universidade poderá dar atenção a demandas regionais de forma mais eficaz: “a transformação dos câmpus de Imperatriz, Grajaú e Balsas em uma nova Universidade facilitará a gestão, pois é difícil lidar com longas viagens para estar com a gestão superior. Outro ganho é o fato de que, sendo o estado muito grande, uma universidade em uma área menor pode cuidar melhor das características de cada microrregião. A formação da nova universidade vai trazer, junto com a atenção às demandas específicas da região sul do estado, novos recursos, novas parcerias para o crescimento dessa universidade, a médio e longo prazos”, finalizou.

Reflexos de um Brasil polarizado

A peleja entre o deputado Marcio Jerry e a deputada Júlia Zanata não pode ser analisada somente pelo prisma do que aconteceu na fatídica reunião da comissão de segurança pública e crime organizado ocorrida na semana passada em Brasília.

Não precisamos nem entrar no mérito do picadeiro criado pelos parlamentares ainda órfãos do bolsonarismo, até porque todos nós sabemos que o nível do debate entre o ministro Flávio Dino e atual oposição é abissal, restando apenas como alternativa para ala conservadora o já conhecido manual prático de falsear a verdade através das redes sociais.

Durante a algazarra que se transformou a reunião, a gritaria era geral com vários polos de conflitos, sendo a que causou toda essa polêmica foi a discussão acalorada entre a deputada sexagenária Lídice da Mata que estava sendo pressionada por vários homens, nesse momento a jovem parlamentar Júlia Zanata chama para si a pressão se achando no direito de confronta-la por também ser mulher. No vídeo é nítido o nervosismo de Lídice e ao perceber nível de alteração da colega, o deputado Marcio Jerry chega próximo ao ouvido de Zanata e fala, “respeite 40 anos de vida de vida pública” e se afasta em meio os gritos de fujão direcionados a Flávio Dino que ecoavam pelo plenário.

Houve tentativa de assédio? Claro que não. Na verdade Marcio Jerry saiu em defesa da colega Lídice da Mata, que inclusive foi liderança histórica do seu partido, o PC do B. Além disso, ficou claro no vídeo, que o deputado foi educado, porém incisivo ao falar no ouvido da deputada sem precisar gritar para ser ouvido em meios aos gritos na reunião da comissão.

Se estivéssemos sob um período de normalidade politica nesse país, essa pauta não teria se tornado uma polêmica, aliás, não teria virado pauta. Mas é ai que entra um detalhe importante para o momento que atravessamos e que tem sido preponderante para que não saiamos desse circulo vicioso que também é alimentado pela imprensa.

Estamos viciados em boatarias e falatórios, ficamos reféns do sensacionalismo barato como entretenimento e perdemos o interesse na discussão de pautas importantes que precisam ser tratadas como prioridade no Maranhão e no Brasil.

Analisando a cobertura de setores e profissionais da comunicação nesse episódio, ficou claro que o objetivo principal foi alimentar a polêmica e não importa, se é verdade ou mentira, se é justo ou não, o mais importante é a audiência e a busca insana por clicks.

É regra de qualquer profissional de imprensa fazer uma apuração detalhada antes de publicar qualquer matéria, agora imagine num claro embate ideológico como esse, onde o congelamento de um fragmento de uma imagem ecoou mais que o vídeo completo que é esclarece o fato sem deixar dúvidas. Além de que uma simples busca na história do deputado Marcio Jerry não encontraria nenhum indicio de tal prática.

Vale ressaltar também outro fator no mínimo intrigante e até mesmo contraditório não abordado por alguns meios de comunicação, que é a postura antifeminista da deputada Julia Zanata, mas que para criar essa embaraço acabou recorrendo ao discurso do feminismo em suas posições de ataque ao deputado comunista.

No final quase todos os envolvidos tiveram seus objetivos alcançados, a imprensa se alimentou bem da polêmica, a oposição tagarela que não deixa ninguém falar gerou mais uma fake news, a jovem deputada armamentista que apareceu semanas antes incitando a violência contra o presidente Lula ficou mais famosa. Agora já o deputado Marcio Jerry está injustamente no olho do furacão midiático e ainda vai precisar defender seu mandato enfrentando a hipocrisia ideológica de uma oposição que se diz conservadora.

E o Brasil pelo visto vai continuar mal dividido e com olhares meio tortos sobre valores que deveriam ser tão retos.