O conturbado ano de 2022 ficará marcado na História do Brasil e, em especial, do Maranhão. O poeta russo Vladimir Maiakoviski escreveu “nestes últimos 20 anos nada de novo há no rugir das tempestades” e, aquele começo de século XX era, sem dúvida, um tempo de tempestades. Nestes últimos dois anos (talvez quatro), o país vem sendo varrido por uma onda de tempestades; a pior delas, acompanhando o resto do mundo, a pandemia de Covid-19.
Mas não foi só a virose que acometeu a nação. Uma doença chamada extremismo irradiou-se pelos lares do povo brasileiro, causando mortes, dores e discórdia. A vacina para essa outra pandemia foi a democracia, e a força das instituições, agora é continuar trabalhando pelas formas republicanas de combate e estender os panos da Caravela; há uma História a ser escrita e outra a ser compreendida.
O Maranhão, com suas idiossincrasias, trava uma batalha particular: lutar contra a pobreza do seu povo, contra a desigualdade social, contra o crime, e reverter um projeto que não vem dando certo, mas isso se a percepção dos governantes estiver neste paradigma.
Mas há os dados do IBGE, e eles mostram que em 2017, dos 25 municípios mais pobres do país, o Maranhão elencava 14; este ano, o estado emplacou 24. Vale lembrar que diminuir a pobreza foi compromisso dos últimos governos e houve a tentativa. É a hora de rever que projetos o Maranhão precisa desenvolver para sair desse mapa de fome e pobreza.
Há um forte movimento político, uma tentativa de unidade, de congregação de força única para traçar o futuro do estado: todos juntos, Governo, Assembleia, Câmara de Vereadores de São Luís. É uma arrumação que, aos poucos, se estabelece. A única força política que está ausente deste movimento é a prefeitura da capital, cujo isolamento, já traz consequências graves, como a demora na aprovação do Orçamento de 2023 pelo legislativo municipal.
Voltando ao nacional, lembramos que o governo de ultradireita eleito em 2018 nunca conseguiu nenhuma unanimidade, enfrentou muita oposição e terminou derrotado com a ajuda de quem o apoiou pontualmente em troca de acesso à fonte de poder e benesses financeiras, leia-se orçamento secreto.
O Maranhão parece tentar um caminho diferente, o da unidade, sem oposição, essa mesma oposição que foi pífia, nos últimos oito anos, tenta-se torná-la inexistente, além de tentar-se, a todo custo, não deixar surgir uma nova, e talvez, mais efetiva oposição. Este caminho começa agora, vamos ver onde nos leva, se levar.
Muito do que vem sendo pensado para o Maranhão com custo em longo prazo tá chegando ou já chegou. O longo prazo já passou. O mesmo logo prazo da isenção de impostos para a implantação dos grandes projetos, que assim que a isenção acaba, demite-se todo mundo e ruma pra China. O longo prazo de um cerrado morto, de um mangue exterminado, de um babaçual decepado, de uma duna varrida, sem contar os azulejos portugueses que se desintegram a cada inverno.
Uma das palavras mais utilizadas na política internacional, a sustentabilidade, parece ainda ser ignorada nas terras timbiras. Mas não se foge dela, ela é o futuro que já chegou, junto com a hipercomunicação, o carro elétrico, a realidade virtual, ou seja: a modernidade líquida com sua sociedade do espetáculo.
Sustentabilidade, palavra que passa longe de atitudes registradas sobre o solo maranhense, inclusive nestes últimos dias do ano, com terras sendo devastadas e moradores de comunidades tradicionais apavorados, com suas roças destruídas e su futuro igual como o futuro do governo que vive seus estertores… Até quando?
Não há democracia sem oposição. Enquanto se comprar aliados e se destruir o pensamento dialético adversário, o Maranhão será apenas o cenário de um drama shakespeariano onde todos morrem no fim, por mais que o fim demore, mas ele sempre chega. Veja-se a “oligarquia Sarney”: demorou tanto e um belo alguém decretou que não existia… e foi-se… E desde então, “nada de novo há no rugir das tempestades”…
Salve a democracia!…
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