Os Analistas

Notícias, anaálises e opiniões sobre política, cultura e outros temas

O preço da solidão?

Morrer é banal como viver é banal. Nada além das banalidades, das genialidades Hades, Hades, Hades. Todo mundo morre. Será que todo mundo vive? Aquele “viver e não ter a vergonha de ser feliz”, já que a igreja condena tanto… “culpa, máxima culpa”…  sei, tem o Carl Sagan pra nos “redimir”… Carl Sagan que te acompanhe..

Aqui nessa vida tão mundana, que é a única que temos, deparamos o paradoxo do sucesso, esse produto que não existe que é vendido a peso de ouro… e são tantos que não existem e vendidos a peso de ouro…

Há alguns dias a indústria do sucesso nos apresentou uma das coisas sem fuga da vida: a morte do ator Gene Hackman, aquele homem másculo padrão  de um metro e noventa de altura e que fez tantas coisas legais, tantos filmes legais, inclusive aquele xerife escroto de “Os imperdoáveis”, quando um homem bem comum mete uma 20 nas suas fuças… Isso depois de o xerife dar uma surra antológica no Richard Harris… aquele Homem Chamado Cavalo.

Gene Hackman, um exemplo de sucesso, morreu e quase um mês depois ninguém havia reclamado seu corpo. E ele tinha filhos! Onde estão? Por quê?

E ontem, ou anteontem um ator brasileiro admirável completou 95 anos de idade, Lima Duarte. Vi uma manifestação dele. Parece um homem feliz, os filhos, netos e bisnetos o visitam sempre. Está com o intelecto perfeito. Sabe o que é a vida, ou o que foi a vida. E parece  agradecido.

Mundo real

Aqui, no mundo dos mortais comuns, mais comuns do que se possa imaginar, numa parte do Brasil, um imigrante, um colono, um descendente de colonos, o que é? Se não for um artista, vai ser isso que quase todos são hoje…

Meu pai, um desses, foi o homem mais solitário que conheci. Não tinha amigos, falava pouco, não gostava de contato com terceiros, vivia no seu mundo particular (vai saber o que diriam dele se tivesse 16 anos hoje!). Mas era um artista. Escrevia (e não mostrava pra ninguém – teve o cuidado de queimar tudo antes da hora final) tocava vários instrumentos (o principal era o acordeom), cantava e de profissão, nos últimos tempos, foi mecânico industrial.

Ficou doente e eu e mais um irmão e uma irmã cuidamos dele. Eu gostava dele; na minha adolescência, “conheci” ele com uma sociabilidade péssima e, com o passar dos anos, o vi se transformar em um homem delicado que me beijava, seu filho estranho.

Cuidei dele da melhor forma que eu pude. No fim, ele era um tigre dente de sabre, um urso polar, mas dócil e generoso (me deixava cantar desafinado, sem ritmo e me acompanhava assim mesmo).

Boromir ou Faramir?

Aonde estão os filhos de Gene Hackman? As pessoas envelhecem e se tornam cada vez mais dependentes; mesmo os colossos. Mas será que nem todos se redimem? Será que alguns assinam o seu tratado de solidão social extrema? E, pior, social?

Guimarães Rosa repetiu tanto, tanto, “é preciso ter coragem”, “viver, é muito perigoso”.

E é mesmo. Por que, como nos disse aquele estranho Pnin, de Nabokov “nada nos pertence, só a nossa solidão”.

Pnin não teve filhos; mais ou menos solidão?

O futebol maranhense e a eterna lei de Gérson

O Canhotinha de Ouro jamais poderia imaginar que uma frase para uma propaganda de cigarros poderia representar perfeitamente a malandragem no futebol brasileiro.

Relembrando aos os mais jovens, não estamos falando do Gerson craque do flamengo na atualidade, mas do cérebro da seleção de 70 e tri campeão mundial, aquele que disse num comercial de televisão que “gostava de levar vantagem em tudo”.

Apesar de ser um texto publicitário, não há como negar que acabou virando o mantra do famoso “jeitinho brasileiro” de normalizar a indecência e no futebol então parece que levaram ao pé da letra.

Trazendo a discussão para o enlameado gramado maranhense e voltando no tempo até setembro de 2011, onde o declarado interventor Antônio Américo com o apoio irrestrito do Ministério Público prometia passar a FMF a limpo e que convocaria eleições em três meses. Qualquer semelhança com um golpe de Estado é mera coincidência.

Nessa época Alberto Ferreira estava sendo atacado de todos os lados, mas a cruzada de  Litia Cavalcanti contra o então presidente da FMF ganhava o noticiário local e um fato chamava a atenção, a desenvoltura e o interesse da promotora para falar dos problemas crônicos do futebol maranhense.

Não podemos deixar de destacar que realmente a gestão de Alberto Ferreira estava muito desgastada com 20 anos a frente da federação e de fato era um ciclo que precisava ser encerrado, porém o caminho correto seria esperar as eleições, mas a demanda passou a ser urgente, tudo foi acelerado e resolvido, o interventor estava no poder.

Assim que assumiu Antônio Américo falava que não tinha interesse em ser presidente, mas o tempo foi passando e a palavra do homem mudou, Litia Cavalcante ficou desiludida com o futebol e o MP fechou novamente os olhos para os problemas do futebol local, já o interventor parece que gostou das benesses do cargo e vem se perpetuando na presidência da Federação até os dias de hoje mudando o estatuto e burlando as regras para permanecer no poder, mas e o que mudou no futebol maranhense mesmo?

Absolutamente nada, não mudou nada. A cada ano o campeonato vem perdendo importância, o público deixando de ter interesse em ir ao estádio, os clubes estão agonizando e a principal competição da FMF é uma verdadeira desorganização, sem falar nas mudanças de regulamento com o campeonato em vigor para favorecer o Sampaio e o seu grande parceiro Sergio Frota, como nos campeonatos de 2017 e 2020, mas por ironia do destino os dois estão na berlinda  do caos que é o futebol no nosso Estado.

Para piorar, documentos recentes expostos por clubes demonstram que os pagamentos de inscrições para as competições sub 19 foram feitos diretamente a uma empresa ligada ao vice presidente de competições Hans Nina Horn.

Em resposta ao portal G7 Antônio Américo disse que esse contrato existe desde 2023 e que foi feito de forma transparente e tentou justificar a contrato omitindo o favorecimento a uma empresa ligada a Hans Nina como uma solução e desenvolvimento das competições de base, mas na prática a desorganização é pior que o profissional com jogos sem ambulâncias e policiamento nos estádios.

O presidente inclusive disse que isso foi um ataque político, então quer dizer que noticiar fatos agora é fato político? Menos não é presidente!

Por último Antônio Américo responde atacando Fernando Sarney e a Copa Mirante dizendo em linhas gerais que as taxas cobradas por essa competição são maiores que as organizadas pela FMF.

Essa resposta merece uma atenção especial e demonstra até que ponto vai a gratidão do presidente da FMF com aquele que durante muito tempo foi parceiro e abriu as portas da CBF para António Américo. Fernando Sarney estava na Confederação Brasileira de Futebol há quarenta anos e de certa forma legitimou o “golpe” do interventor acreditando nas boas intenções e em prol das melhorias no futebol maranhense, mas pelo visto se arrependeu amargamente. Fernando inclusive sempre apoiou o atual presidente Ednaldo Rodrigues, mas alguma coisa no meio do caminho causou ruido nessa relação e com isso depois de 40 anos Fernando Sarney ficou fora da CBF deixando Antônio Américo isolado no topo do poder do futebol maranhense, pelo menos até a próxima eleição.

Enquanto isso só nos resta ficar torcendo pela do Gerson, não aquela de querer levar vantagem em tudo, mas a postura do atual capitão do Flamengo que disse que prega o respeito ao pai de família que acorda 03 horas da manhã para sustentar a família e que ainda faz o sacrifício de comprar o ingresso para assistir o time do coração, enquanto dirigentes maranhenses sempre dão um jeitinho de levar vantagem no falido futebol maranhense.

 

 

 

 

 

No Dia Mundial da Água jovens do Maranhão defendem futuro sustentável

A 2ª Caravana da Rede Ambiental de Valorização de Ecossistemas em Restauração (Reaver), traz como tema a “Juventude unida pela natureza, diversidade e justiça socioambiental”. O encontro irá ocorrer nos dias 22 e 23
de março, marcando o Dia Mundial da Água.

A iniciativa, voltada para adolescentes e jovens de 12 a 21 anos ocorre no Museu Casa do Tambor de Crioula, onde os participantes vão debater o papel das juventudes na construção de soluções ambientais, com a roda de conversa “A Importância da água no nosso planeta” e a discussão “O que é ser um jovem protagonista socioambiental?”. O encontro também será um espaço para a construção de um plano de ação estadual, com foco na educação e a mobilização ambiental.

No segundo dia, a Caravana se desloca para o Ecomuseu Sítio do Físico, onde os jovens participarão de atividades de educação ambiental, incluindo oficinas de construção de ecobags e biojoias. O espaço será propício para trocas ideias e debates sobre a ancestralidade, natureza e resistência.

Ana Catarina, jovem da Rede Reaver em Fortaleza e integrante da Organização Ambiental Sustentável, destaca a importância da participação das meninas e mulheres na luta ambiental. “Nós, meninas e mulheres, estamos na linha de frente da crise climática, principalmente nos territórios mais afetados. Nosso papel na defesa da água, dos nossos ecossistemas e das nossas comunidades precisa ser reconhecido e fortalecido. Essa caravana é um espaço onde a gente se organiza, aprende e se fortalece coletivamente para enfrentar os desafios ambientais e sociais.”

A mobilização da juventude maranhense pela justiça climática já vem se consolidando desde a última Caravana da Reaver no estado, realizada em outubro de 2024. Desde então, adolescentes e jovens têm se encontrado periodicamente para fortalecer a luta socioambiental e ampliar as ações no território. “A Reaver no Maranhão busca fortalecer o protagonismo juvenil, promovendo debates sobre os impactos ambientais e impulsionando ações sustentáveis nos territórios. O objetivo é garantir que os jovens defendam seu direito a um meio ambiente equilibrado e sustentável”, destaca Claudett Ribeiro, articuladora do projeto no estado.

A 2ª Caravana da Rede Reaver integra o projeto “Jovens como Protagonistas pelo Meio Ambiente”, promovido pelo Instituto Terre des Hommes (TdH) Brasil e a Rede Reaver e conta com o apoio de Kindernothilfe e do Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ). O projeto tem como propósito mobilizar adolescentes e jovens a se mobilizarem por justiça climática nos estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande
do Norte.

Saiba mais em: reavernordeste.org.
Serviço: 2ª Caravana da Reaver – Juventude unida pela natureza, diversidade e justiça socioambiental
Data: 22 e 23 de março de 2025
Local e horário:
22/03 (Sábado): Museu Casa do Tambor de Crioula, das 9h às 17h.
23/03 (Domingo): Ecomuseu Sítio do Físico, das 9h às 16h.

Assessoria de Comunicação do Instituto Terre des Hommes Brasil
Dávilla Morais
E-mail: comunicacao@tdhbrasil.org
Telefone: (85) 98126-0560

Os anfitriões do carnaval em São Luís

Quarta feira e as cinzas do funeral de luxo da cultura maranhense

É inegável que o carnaval é um dos períodos festivos mais importantes do Brasil e assim como o natal é imprescindível para a economia brasileira.

As tradições culturais do período momesco em todo o país acabam sendo regionalizadas, como o carnaval do Rio, o carnaval da Bahia, de Pernambuco e sucessivamente em todos os Estados. Além disso, é preciso incluir na formula de sucesso da folia, os dias de folga prolongados e os potenciais turísticos de cada localidade.

Os três Estados citados acima são reconhecidos nacionalmente como os maiores e melhores carnavais do Brasil, afinal foram anos de investimentos e um dos principais vetores foi a consolidação das suas identidades culturais para que o turista saiba que vai assistir no Rio os desfiles de escolas de samba, os blocos Cacique de Ramos, o Cordão do Bola Preta e o Sargento Pimenta, assim como na Bahia ele quer ver o axé nos trios elétricos, já em Pernambuco ele vai para curtir o frevo pelas ruas antigas de Olinda e o palco multicultural do Marco Zero em Recife.

A principal característica entre eles é a valorização das atrações regionais, basta observar a programação e constatar que a multidão está consumindo a cultura local daquele Estado, fruto de um trabalho que não começou da noite para o dia, até porque não basta apenas mudar a logomarca de um governo e bradar que tem o maior carnaval do Brasil, é preciso apresentar resultados concretos.

Trazendo a discussão aqui para o carnaval do Maranhão, é preciso reconhecer que estivemos bem perto disso no governo Roseana e também no período de Flávio Dino. Na época de Roseana tínhamos um dos melhores carnavais de rua do Brasil com o sucesso do Bicho Terra na ponta da língua e o contato direto com os blocos tradicionais em que a população fazia festa na Madre Deus. Já no governo Dino, o resgaste do circuito beira mar valorizando nomes como Flávia Bittencourt, Rosa Reis, Zeca Baleiro que dividiam o mesmo trio elétrico com artistas do naipe de Chico César e Alceu Valença criaram um ambiente único para um dos melhores carnavais do Maranhão.

Ainda nessa época quem não se lembra dos “falados” carnavais de Cururupu? De Pinheiro? De Barra do Corda? De Guimarães? Aliás, que bola fora o governo não investir na linda praia de Araoca e nem mesmo a recém inaugurada estrada dos poetas foi capaz de justificar um bom investimento para a região, enfim é o governo se autossabotando.

Mas por falar em investimento, o governo do Estado disse a revista exame que investiu 68 milhões no carnaval desse ano com a expectativa de ter um retorno 4 vezes maior segundo as estimativas do próprio governo. Bom tive o cuidado em consultar alguns amigos economistas e não conseguimos achar equilíbrio nessa conta e muito menos lógica, ainda mais se levarmos em consideração que camarotes privados cobram até 700 reais para o folião que quer ter uma visão privilegiada da festa, ou seja, o governo paga a atração milionária para um seleto grupo explorar a venda de ingressos, não tem como não ser empreendedor desse jeito não é verdade?

Outro ponto que chama a atenção, o governo do Estado vem dizendo que é municipalista, mas na contra mão do discurso concentrou seu investimento na capital e com isso praticamente esvaziou o carnaval nos municípios, ou seja, os pequenos comerciantes do interior do Estado que esperavam faturar um dinheirinho nesse período ficaram ao relento, é tipo aquele ditado popular, “cobertor de pobre quando cobre a cabeça descobre os pés”.

Já o prefeito Eduardo Braide investiu cerca de 20 milhões no carnaval de São Luís, com destaque para uma mega estrutura que ficou instalada desde o réveillon e uma carrada de atrações nacionais numa disputa de popularidade com o governador Carlos Brandão onde os dois apostam no populismo midiático do pão e circo para gerar engajamento nas redes sociais.

O resultado prático dessa disputa foi mais uma vez a desvalorização da nossa cultura em todos os níveis, como a adiamento dos desfiles das escolas de samba e blocos tradicionais, artistas maranhenses tratados como coadjuvantes e a “baianização” das nossas tradições culturais financiadas com dinheiro público com resultados maquiados pela opinião influenciada e bem remunerada.

A conta vai pesar mesmo é quando a ficha cair e prestarmos a atenção na precariedade da educação municipal, no passe livre estudantil que o prefeito alega não ter verba para implantar, no Nhozinho Santos fechado, nas estradas do Maranhão esburacadas e nas pontes precárias de responsabilidade do governo em todo Estado.

Mas no São João a esperança do povo estará renovada, vem aí o maior São João do Brasil e uma enxurrada de sertanejos receber novamente cachês milionários antecipados enquanto os bois vão esperar um ano para receber, mas o povão vai comparecer, afinal é a massa que bem batida molda o pão e o circo.

 

O prefeito, o parlamento e as redes sociais

É preciso deixar bem claro que o isolamento político que o prefeito enfrenta na câmara municipal foi construído por ele mesmo desde a sua chegada no Palácio La Ravardiere.

Com o intuito de aparecer sozinho e ser o centro das atenções da sua gestão, Braide centralizou as ações da prefeitura em torno do seu perfil no instagram onde faz do seu governo uma espécie de reality show, porém, nem tanto real e com muita coisa embaixo do tapete como a falta de transparência na contratação de creches para organização de eventos milionários, entre outros.

Basta observarmos o levantamento de 2024 da Transparência Internacional e constatar que a falta de dados no pagamento de emendas, contratações emergenciais classificaram gestão do Prefeito de São Luís apenas como regular, ou seja, para quem se vende como um dos melhores do Brasil, ser atestadamente regular em transparência já demonstra um pouco da verdadeira personalidade do Braide que não aparece em suas redes sociais.

Essa semana com a retomada dos trabalhos da câmara ficou claro que o clima em 2025 continuará beligerante e entre, emendas, vetos e embates no plenário, parece que chamar o Douglas ainda não foi uma boa alternativa para Eduardo Braide.

Os vetos e os “berros” nas redes sociais dessa vez não foram suficientes para o prefeito manter o discurso de vitima ao recusar o aumento de salário proposto pela Câmara alegando que o valor equivalente a cidade de São Paulo iria comprometer o orçamento municipal, mas Braide “esqueceu” de mencionar que os salários do seu secretariado estão no mesmo patamar da capital paulista e num projeto proposto pelo vereador Daniel Oliveira (PSD) que até o ano passado era líder do seu governo na Câmara.

O Prefeito também “esqueceu” de destacar no seu lamento, que atrelado ao seu salário estão mais de 400 servidores impossibilitados de terem reajuste para o Prefeito posar de humilde com carinha de perseguido nas redes sociais.

Mas o que deixou Braide extremamente irritado foi redução do limite de gastos direto do executivo, o Prefeito queria poder movimentar livremente cerca de 1 bilhão e 400 mil reais. A Câmara limitou para algo em torno de 350 milhões, porém deixando claro que a casa está aberta ao diálogo para qualquer necessidade da prefeitura.

A impressão que fica é que os vereadores optaram por um posicionamento mais seguro em relação ao orçamento em virtude dos escândalos recentes envolvendo contratos milionários para eventos realizados sem licitação e sem transparência, entre outros contratos feitos a “toque de caixa”.

Por outro lado, o Prefeito dá sinais que vai continuar apostando na dissimulação nas redes sociais, afinal dizer em vídeo que o ritmo das obras vai diminuir porque a câmara está cobrando mais transparência e ciência dos gastos realizados pelo executivo é mero populismo contemporâneo, além do mais, o ritmo das obras já diminuiu desde que terminou a eleição e só essa semana o prefeito num mero jogo de cena foi “acelerar” a obra da UEB Sidney Castelo Branco numa clara a necessidade de produzir conteúdo para internet requentando anúncio de obras do ano passado.

 

 

 

 

 

Partidos políticos e farinha

Há na Assembleia Legislativa do Maranhão uma guerrinha entre grupos ou subgrupos, ou subqualquercoisa para escarafunchar e abocanhar um espacinho ou outro de poder e influência que exista e que possa ser garimpada naquela fonte de poder. Notadamente, na berlinda, estão os mandatos do deputado Carlos Lula e da deputada Ana do Gás que querem sair de suas legendas por conta dos interesses acima (ou outros). Ambos fazem beicinho para a justiça no sentido de trocar de partido e não perder o mandato.

A dinâmica do dia a dia da VIDA é racional, tanto quanto se equilibra com o emocional. O ser humano é plural e diverso (não recorrerei a termos da moda), dentro do gigantismo do prisma que humilha qualquer ideia de Inteligência Artificial. Isso, mesmo, como apontou Hortega y Gasset “o ser humano é ele mesmo e suas circunstâncias”.

Isto posto, podemos apontar umas duas missivas à esbórnia que se constitui o universo dos partidos políticos no país. Ah, não é esbórnia, caro vate? “Ah, por que no tempo de Getúlio…”, diria um, “Não, mas ainda, na Proclamação da República…”, diria outro… Enfim, é como As Pombas de Raimundo Correia… (suspiro desiludido deste jornalista).

Rapidinho viria alguém lembrar o PC do B, parceiro no primeiro governo Roseana Sarney; depois alguém lembraria de Ricardo Murad no PSB, no começo dos anos 2000. “Ah, mas o PT, não!…” um militante histórico pularia estufado da casa do cancão… Certo, pelo PT já passaram Yglésio, Lahésio… Cadê o militante? Eu iria lembrar mais alguns do passado recente, e ainda temos os da atualidade!

Os partidos mais fortes e significativos no Maranhão, nos últimos 50 anos foram PFL e PMDB, todos geridos através de técnicas coronelistas, desde sempre. Ignoro outras notações destas mesmas siglas antes e depois, porque remetem ao mesmo grupo e ao mesmo significado (não direi ideologia). Excetuando-se, com reservas (poucas), o antigo MDB do bipartidarismo, da última ditadura militar, por questões mais didáticas do que outras.

Nenhum partido no Maranhão (ficarei aqui no quintal, mesmo) pode arvorar-se de nada; nem vocês “rapaziada”… Tudo não passa de um jogo, onde a racionalidade não está subjugada a nenhum conceito maior de política, de povo, de nação, ou de bem comum, mas unicamente de interesse pessoais, grupais ou corporativos, e até, internacionais. Não importa em que saco a farinha está, nem de que torrador saiu; foi feita no mesmo forno, da mesma mandioca.

Agora sim: no Brasil as consequências disso remontam aos esquemas da exploração dos recursos naturais no Brasil-colônia, tendo um ponto grave nas negociações da abolição da escravatura, passando pelos vários golpes a partir da Proclamação da República, atravessando todo o século XX e, ainda, com tentativas de golpe, já no século XXI.

Como a justiça vai avaliar a relação entre a “comunista” Ana do Gás, e o “socialista” Carlos Lula e os seus determinados partidos? Como diria o personagem de Otávio Augusto, no maravilho filme de Ugo Georgetti, O Príncipe: “é tudo colunismo social”. Ou ainda, como naquele poema de Baudelaire O bobo e a Vênus: “E Vênus, a implacável, olha para longe, vagamente, com os seus olhos de mármore”.

E então, prezado Ortega Y Gasset, essas são as circunstâncias?

Uma senadora que fecha o ano exalando: “tá tranquilo, tá favorável”

A senadora Eliziane Gama organizou um encontro com a imprensa neste sábado, numa churrascaria elegante da cidade. O evento correu tranquilo com muitos dos principais cronistas da política local.

Um evento que se fosse chamado de “confraternização” caberia com perfeição. Tudo na paz, tudo tranquilo, tudo favorável entre anfitriã e os jornalistas nem sempre tão bonzinhos, assim, com seus personagens.

Mas o mais importante foi a postura da senadora, ou melhor, de Eliziane, que se fez mais presente como mulher, como pessoa, do que como política que ocupa lugar de destaque nas altas rodas do staff nacional, sendo inclusive cotada para ocupar um Ministério do presidente Lula, no ano que vem.

Eliziane circulava suave e sorridente e leve entre seus convidados. Aliás, já foi assim, no grandioso evento que se tornou a comemoração organizada pelo PC do B, em comemoração aos dez anos da eleição de Flávio Dino ao governo do estado, ocorrida há alguns dias.

Talvez seja a maturidade política, ou simplesmente a maturidade, ou algum espírito natalino que ofertou esse ar de alegria e naturalidade à senadora. Com este quantum a mais de qualidade, ela terá dois anos complexos pela frente. Mas, na calma, todos os caminhos parecem sempre mais claros.

O discurso de vitimização do governo

Todos os holofotes da imprensa e da opinião pública estão voltados para crise que envolve Brandão e o grupo que o ajudou a ser governador.

Os passos dados de ambos os lados podem dizer muita coisa é verdade, porém são as interpretações que aquecem a pauta e movimentam o imaginário popular.

Seria mais do mesmo relembrar esses passos, algumas narrativas dizem que a relação azedou ainda no final de 2022, mas a exoneração de Felipe Camarão da Secretaria da Educação antes das eleições municipais desse ano foi uma decisão política do governador, publicada no diário oficial inclusive e deve ser considerado o “Marcus” zero desse eventual rompimento.

De lá pra cá o caldo só engrossou e os últimos movimentos expuseram a fragilidade do governo, acuados pelas decisões do STF nas ações capitaneadas pelo deputado Othelino Neto, Brandão cometeu o mesmo erro de Dilma Roussef que tentou dar foro privilegiado ao Lula um pouco antes da sua prisão, lembrando que qualquer semelhança não é mera coincidência.

O ato de nomeação foi um erro infantil e crucial, além de ratificar o caráter nepotista do governo Brandão, ele matou a estratégia de vitimização que a comunicação aliada vinha fazendo e que foi impulsionada com a comoção pela decisão do Ministro Alexandre de Moraes pela exoneração de Jackeline Helluy, sogra de Orleans Brandão que é secretário e sobrinho do governador, vale ressaltar que Jackeline já era funcionária da assembleia em outras gestões, profissional competente e de fino trato, mas precisamos ser francos, o cargo era de indicação política e nesse jogo não tem inocente.

O outro erro foi apressar a eleição para a presidência do TCE, será que Brandão não avaliou que está na iminência de perder a batalha pela Assembleia no STF e ainda sim reforça a aura nepotista do governo fortalecendo o sobrinho Daniel Brandão para o comando do Tribunal de Contas?

Voltando para o campo da midiático, os últimos movimentos tem dificultado a própria estratégia de comunicação do governo, afinal, por mais que seja legal a nomeação de Marcus Brandão e a eleição do Daniel Brandão para a Presidência do TCE, não soa bem defender o nepostismo, ainda mais quando o governo atua para impor parentes nas estruturas de poder do Estado operando nas brechas da lei.

Pelo visto, essa semana deve continuar tensa, ainda mais com o fracasso da tentativa de uma roda de negociação envolvendo o clã Brandão e parte dos seus aliados herdeiros do grupo politico criado pelo ex governador Flávio Dino.

Entre as notas de apoio e também de repudio, está a tentativa de convencimento do imaginário popular e caminho mais fácil é adotar o discurso de vitimização, mas como ser vítima se partiu da caneta de Brandão o primeiro ato oficial dessa guerra fria?  Além disso, a beligerância já se faz presente nos movimentos do governo.

Enquanto isso os dois lados estão armazenando pólvora.

 

 

A morte e a morte da Literatura: água!

O escritor Danton Trevisan, um dos grandes nomes da literatura brasileira, notadamente o gênero Conto, morreu, nesta segunda-feira 10, em Curitiba (sua cidade natal), aos 99 anos. O Dalton não falava de literatura (com exceção do tempo em que editou a revista Joaquim, de 1946 a 1948), não dava entrevistas (a última foi em 1972), não falava com jornalistas, não gostava de ser fotografado, mas gostava do contato com as jovens estudantes de Letras da UFPR.

Seu livro mais conhecido é O vampiro de Curitiba, de 1965, que rendeu o apelido ao contista – Vampiro de Curitiba –, que de vampiro não tinha nada, apesar de arredio, Dalton viveu no mesmo endereço a vida inteira, de onde saía diariamente para seus passeios matinais. A morte de Dalton vai alargando o Buraco Negro que suga em seu Disco de Acreção uma gama cada vez mais monstruosa de enganadores, medíocres e enrolões da literatura. É como um Quincas que, ao ler estas literaturas, gritaria: “água!”.

Quem faz o olhar sobre o mundo, além das massas, perdeu a voz. Houve tempos em que os construtores da literatura, ou críticos teatrais e etc, eram respeitados e até temidos pela sua pontual certificação do que era bom, mais ou menos ou ruim mesmo. Antônio Houaiss, Barbara Heliodora, os Irmãos Campos, ou o próprio Guimarães Rosa foram vozes ativas e respeitadas em tempos recentes, mas já passados. Eles precederam a internet. Se aqui estivessem, seriam “cancelados”.

Eu já procurei muito (e não encontrei – o Google já não é mais tão generoso) uma situação que me foi descrita por uma amiga, onde numa palestra, ou banca de encontro literário, em Portugal, um professor (não são mais “críticos”) disse na cara da escritora brasileira Aline Bei que o que ela produzia “não é literatura”. “Sobranceira, fornida”, ela encarou o dito cujo e respondeu “é sim!”: “introibo ad altare Dei”…

Não é uma questão de cãibra, de impaludismo, de velhice, de saudosismo, de preciosismo, nem de letra M nenhuma (M, a letra do Maranhão, segundo P. Antônio Vieira). Quantos já propuseram a “morte da poesia, morte da literatura” e etc… Poe, Walt Whitman, Rimbaud, Pound modificaram e elevaram a literatura em seus tempos (que são mais ou menos os mesmos) até outra Ordem secular, mas isso já tem mais de cem anos e no Brasil daquela época reinava o soneto, a formalidade, enfim, o beletrismo asseado e conformado. Embora tivéssemos Sousândrade, mas este ficou confinado no ostracismo por quase um século, até que os irmãos Campos o resgataram. Este ano aconteceu a publicação das obras completas dele, numa edição linda, feita, justo em Curitiba, pela Editora Anticítera.

Na era virtual as escritas são igualmente virtuais. O que se produziu há 20 anos, no Editor de Texto da época, que já foi superado, talvez, no futuro, não seja possível mais decifrar o que foi registrado ali. Se é que haverá alguém a se interessar por escritos. Mas, talvez, mais na frente, alguma Inteligência Artificial “reescreva” o que se perdeu de um bom poeta dos anos 2000. Que tal?

A literatura sempre foi vítima de genocídio. Quantas obras foram queimadas, se perderam por desleixo, por motivos políticos, por inveja, por dinheiro… Mas nunca foi assim, tão insidiosa a destruição da literatura em detrimento das puerilidades. Há um sangue nos olhos e um saldo no banco para desenganar qualquer proposta que não esteja de acordo com o status quo, que ainda existe…

Este imediatismo vai custar caro. Na educação já está gerando grandes preocupações em pesquisadores, a exemplo do psicólogo social e professor Jonathan Haidt, que tem alertado para os males da virtualidade perante a vida escolar e social das crianças. Segundo o professor norte americano, as crianças, sufocadas pelo mundo virtual, pelas redes sociais, estão perdendo o convívio com seus pares, e ficando doentes, no que ele chamou de a Geração Ansiosa, título de um de seus livros.

O Dalton, um dos últimos representantes da literatura brasileira do século XX (e XXI, ele escreveu e publicou até os 90 anos) se foi. Quem está publicando agora, escritores e editores tem uma missão: a de não deixar a literatura de verdade morrer, essa que não é politicamente correta, que incomoda, que desdiz o que todos dizem, que causa dor, nojo e êxtase. Até por que, como disse o Dalton “Só a obra interessa… O autor não vale o personagem… O conto é mais importante que o contista”…

Há um limiar absurdo travestido de justiça: a condenação de obras de literatura em detrimento de leis ou entendimentos do momento. É uma armadilha para apagar um passado vergonhoso, que, antes de ser apagado, precisa ser exposto e analisado à luz do desenvolvimento da alteridade, para que não se repita.

A escrita eletrônica não admite sequer palimpsestos; depois do “salvar”, já era. A literatura não gera fósseis, ela é o espanto do espartano de Plutarco: “uma voz e mais nada”. Mas pode ser reconstruída a partir do nada – a essência humana, “a outra ordem do mundo”, mas, para isso, é preciso que haja sobreviventes.

Enquanto a trégua não vem

Os últimos fins de semana foram tensos na política maranhense, indiretas, discursos equivocados, troca de farpas nas redes sociais e incendiários estimulando o rompimento do governador com o grupo que o apoiou na eleição de 2022.

Como já foi dito e desdito tanta coisa sobre essa desavença, desde “conselhos” em capas de jornais até avisos de outros que já pagaram o preço pela mesma teimosia, até o Lula já avisou. Então vamos desanuviar e brincar um pouco com as palavras para fazer uma análise misturando trechos de letras da icônica banda brasiliense Plebe Rude com os fatos locais, até porque o maior prejudicado com essa contenda somos nós o povo, a plebe.

Um pouco além de noticias de jornais e um pouco aquém da situação atual, esse absurdo já é tão constante nas rodas de conversas em todo Maranhão que ultrapassou as divisas e chegou até a capital da esperança, as asas e eixos do Brasil, Brasília.

O governador foi até o presidente Lula para se queixar do jeito midiático do seu vice Felipe Camarão, sem levar em consideração que esse mesmo jeito midiático o ajudou enquanto ele esteve fazendo tratamento de saúde em São Paulo durante a campanha. Por outro lado, Brandão se sentiu desrespeitado por seu vice ter tido uma agenda com o presidente Lula antes dele ter sido comunicado, afinal o seu direito é me obedecer, você pode me subestimar, mas vou te punir.

Por que você não gosta mais de mim? Perguntou Felipe. Mas já era tarde demais, o governador exonerou seu vice da secretaria de Educação, tirando do governo o gestor que melhorou todos os índices da educação no Estado segundo o IBGE, tirando também a possibilidade dele cumprir agenda oficial pelo interior do Estado. Coincidência ou não, o ato foi logo após o governo federal repassar a verba dos precatórios para o Estado, fato que abre margem para muitas especulações.

Felipe sentiu a punhalada, afinal era um dos mais atuantes na briga pelos professores e em prol da educação, mas ficou sem saber o que pensar. Já nem sei se estou contigo, já nem sei para onde a gente vai e os ainda aliados de Brandão passaram a perguntar, você ainda lembra como era Brandão?

Mas o governador já estava envenenado pela sopro no pé de ouvido dos aliados que estavam guardados nas prateleiras empoeiradas e também por incendiários com discursos inflamados na tribuna da Assembleia em busca de mais espaços de poder para garantir mandatos com o suporte dos feudos eleitorais, ainda mais depois de caírem com estratégias extremas, ideologias marcadas se alguém quiser se rebelar, oposição reprimida, radicais calados, toda angustia do povo é silenciada, tudo para manter a boa imagem do Estado. Cabe a minoria falar o que quer apesar da repressão…

A contenda chegou até a tribuna da assembleia num jogo onde se você falar mentiras sobre a gente falamos a verdade contra você. Já Iracema Vale até então impávida, daqui de cima do altar é estranho, vejo muitos sorrisos, nenhum e um é falso. E foi a partir do único deputado de oposição declarado que veio o principal levante e quase tomada do parlamento, num movimento silencioso que nem mesmo a imprensa acostumada com previsões conseguiu entender o que estava acontecendo. Os dois lados se atacaram por trás com tapinhas nas costas, já se conheciam há muito tempo, mas tinham que disfarçar, trocaram papeis, informações falsas, se esconderam atrás de sorrisos procurando vitórias, vitórias.

Enquanto isso está passando na globo sexo e karatê, mas não quero mais ver, queremos ver em tempo real, “mas rapaz”, onde vai parar o seu jogo?, porque na sua indecisão você nem viu, ninguém se importa por seu jogo, você está em xeque mate viu? E o culpado é você.

Mas quem tem a razão, um momento, palavras não justificam a ida em vão. Quem escutar então? Delegado ou jurista com relatório em mãos. A lei não ressuscita, burocratiza o que eu já sei. Esclarece por favor, o que é tão temido só acontece com os outros, o que você faria?

O melhor conselho é olhar para trás, herdamos do passado velhos erros e ideais que só servem de exemplo para os demais, mas como lembrar não custa nada, quem se recorda do tratamento dado por Roseana Sarney para o seu vice na época Zé Reinaldo, que ficou isolado na mansão da vice governadoria com tudo cortado, no limbo. Mas quando chegou a sua vez ele poderia ter feito diferente, mas pagou na mesma moeda e quem sofreu foi Jura Filho que acabou despejado do gabinete. Mais tarde Zé Reinaldo pagaria um preço alto pela teimosia de ficar até o final do governo, foi preso e humilhado pela operação navalha.

Essa escolha de vice é um negócio que sempre deu crise, a história política do Maranhão mostra claramente, mas teve um político que fez diferente, Flávio Dino, além de tratar bem por oito anos Carlos Brandão, delegou poderes ao seu vice, que tinha um gabinete atuante na residência oficial do Turu, chegou a ir na China algumas vezes em viagens representando o governo com poder de decisão e mais ainda, Flavio Dino colocou todo o seu grupo para vestir a camisa da eleição de Brandão, mas agora com a visão turva, Brandão age como os outros do seu velho grupo empoeirado e acostumado as velhas práticas sufocando justamente o seu vice Felipe Camarão, que foi dos nomes mais atuantes para eleição do atual governador.

Por mais que tenham muitos incendiários jogando gasolina nessa relação, ainda é possível acreditar na serenidade do governador, ele tem o poder para decidir e para além do discurso de quem traiu quem, o mais importante é pensar na construção de pontes para o bem do povo maranhense, uma vez que nunca na história política brasileira o Maranhão esteve tão bem representado nacionalmente, com vários nomes bem posicionados em Brasília com possibilidades reais de fazer muito pelo Estado.

Enquanto isso, Johnny vai a guerra outra vez, diversão que ele conhece bem, enquanto a trégua não vem…

Page 1 of 32