Entre as muitas leituras dessa foto que está circulando por aí, é preciso levar em consideração um marco cronológico importante.

Até o fim do ano passado a formação do governo Brandão não estava totalmente definida, como ainda não está de fato, mas com o consenso do nome de Iracema Vale para o comando da Assembleia e a definição de rumos de quadros importantes que faziam parte da gestão Dinista, o governador Carlos Brandão ficou mais a vontade para dar passos importantes e livres dos compromissos políticos do grupo anterior.

Por mais que para muitos possa parecer tardio, o encontro entre Eduardo Braide e Carlos Brandão, a reunião oficial de hoje pode simbolizar a volta do diálogo permanente entre os ocupantes dos Palácios La Ravardiere e dos Leões, que apesar de serem vizinhos de porta, como dizem os mais antigos, porém na maioria das vezes prevaleceu a disputa de grupos políticos pelo controle da maior cidade do Estado, que resistiu algumas vezes reforçando sua alcunha de Ilha Rebelde.

Uma curiosidade: o apelido Ilha Rebelde surgiu de um movimento contrário ao poder de Vitorino Freire, que era hegemônico na época. A população de São Luís resistiu à posse do governador Eugenio de Barros, vitorinista raiz, que teve sua eleição contestada pela oposição da época, que alegava suspeita de fraude com a anuência da justiça.  Incrível como a história se repete e qualquer semelhança com os atos golpistas atuais não é mera coincidência, apenas as bandeiras eram invertidas.

Voltando ao fato inicial, o encontro de hoje entre Brandão e Braide  traz um claro recado aos nomes do seu grupo que pretendem disputar a eleição da capital no próximo ano. Talvez não seja interessante para ele abrir mais uma vez os cofres do Estado, entrando numa disputa eleitoral para satisfazer aliados. Custa caro; pode comprometer projetos importantes planejados para a sua gestão e até sua tranquila eleição para o senado ao fim do seu mandato.

E quem não deve ter curtido a foto foi o vereador Paulo Vitor. Na pauta da reunião também estava uma possível parceria para o carnaval desse ano; caso governo e prefeitura trabalhem juntos, o presidente do parlamento municipal pode perder uma fatia importante do discurso para ficar em evidência.

Portanto um bom acordo com quem está sentado na cadeira evita muitos custos políticos e, principalmente, financeiros, até porque os aliados estão praticamente acomodados no governo e pelo visto Eduardo Braide pode voltar a ter um tratamento de grupo, bem diferente do que tem sido propagado por aí.