Vamos voltar 10 anos no tempo e relembrar o carnaval organizado pelo governo Roseana Sarney. Naquele ano eram vários circuitos espalhados pelo centro da cidade e com shows grandiosos na Praça Deodoro com Jorge Benjor, Timbalada, Diogo Nogueira e Alcione, além é claro das atrações maranhenses que se apresentavam no mesmo palco. Em São Luís todo o carnaval era concentrado no centro da cidade e nada foi feito na avenida litorânea, pois já havia um desgaste no formato copiado da folia baiana nos “carnavais fora de época” que acontecia todo ano na orla.
No interior a folia também era grande, com carnavais fortes em todas as regiões do Estado onde cidades ficavam lotadas de brincantes que aproveitavam o feriado prolongado para curtirem em suas cidades um carnaval mais livre e perto dos seus familiares. Quem não se lembra dos carnavais de Cururupu, Pinheiro e até em Imperatriz com a beira rio lotada de foliões? Bons tempos do carnaval no interior, diversão mais a vontade, perto de casa, sem transtornos de transito e roubo de celulares por exemplo.
E só para registrar, na época já diziam que aquele era o maior carnaval de todos os tempos organizado pelo governo do Estado. Até me lembrei daquela música dos titãs, que inclusive daria uma boa marchinha de carnaval.
“A melhor banda de todos os tempos da última semana, o melhor disco brasileiro de música americana, o melhor disco dos últimos anos de sucesso do passado, o maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos”
“Não importa a contradição, o que importa é televisão, dizem que não há nada a que você não se acostume. Cala a boca e aumente o volume então…”
Antes de chegarmos à folia de 2023 vale lembrar que Caetano Veloso em 1969 já cantava que “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”. Música Icônica que representa a essência do carnaval baiano, o trio elétrico. Sua criação remete a década de 50 por Dodô e Osmar a novidade foi ganhando forma através dos anos até se tornar o maior símbolo da folia baiana, repito, o maior símbolo da folia baiana.
No passado nos orgulhávamos de ser a Atenas brasileira, talvez o último título original que nossa cultura tenha recebido. Depois disso nos contentamos em ser a cópia da Jamaica ao tentar tornar o reggae um ritmo maranhense e mais recentemente nos orgulhamos de ter o maior carnaval fora de época fora da Bahia, sem falar onda de forró cearense que invadiu o interior do Estado. Nada contra os ritmos citados, mas é apenas para citar que estamos ficando sem referências culturais e nos limitando a copiar formulas de sucessos já existentes.
Sobre o carnaval desse ano, não como negar que foi um sucesso de público e uma festa merecida para a população se divertir. Porem temos que observar dois fatores importantes, o primeiro foi à ausência do carnaval de rua nos últimos dois anos que deixou uma demanda reprimida e teve ainda o enfraquecimento do carnaval no interior pelo arroxo estrábico do Ministério Público que desencorajou prefeitos a fazerem suas festas. Restou ao povo descer para São Luís e quem já estava acostumado a brincar o carnaval curtindo safadão no interior, não notou a diferença dessa “retro baianização” do carnaval maranhense, onde trocar socos e empurrões virou sinônimo de humildade. Enfim, viva o carnaval da Bahia e vamos aguardar as novidades do maior São João do planeta, quem sabe não se “cria” por aqui um “boidromo” com caprichosos e garantidos pelo poder público desfilando tipo pop star pelas avenidas de São Luís.
Raimundo Calcada Semeando Discórdia
Foi o maior carnaval pros “artistas de fora”. Os daqui ficaram chupando dedo e outra coisa. Até a Bicha Enterra sofreu. E essa passarela do Bacangaí já era. Kkkkk