Um evento grandioso, na noite desta sexta-feira (04) anunciou a filiação partidária do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor, ao partido político PSDB. E daí?

Tirando o “E daí?”, é um lead normal e banal de matéria jornalística, aquelas que Nelson Rodrigues chamou de “idiota da objetividade”. Mas o que nos mostra a História? A Sociologia, e, por que não?, a Filosofia?

Acho que tudo se engloba num novo nome: “Estratégia Política” e seus “estrategistas políticos”… Ou, ainda, tudo se dilui num caldo instintivo, desejoso, corajoso e pleno de juventude dos tempos da “modernidade líquida”, que já é “líquida virtual”, nestes tempos de inteligência artificial. E pensar que até outro dia os Titãs estavam cantando “não é o que não pode ser o que não é”.

Se voltarmos um pouquinho nas configurações partidárias, rememoraríamos um PT (Partido dos Trabalhadores) de sindicalistas, estudantes, líderes rurais, todos concentrados na luta de classes e etc etc… O Oposto era um PSDB da burguesia paulista (e algumas outras), com seus sociólogos que negavam seus escritos em prol de um acordo para um país governável sob uma constituição gerada parlamentarista para ser gerida por um sistema presidencialista…

E deu certo! Um país que patinava (e encalhava e naufragava e se engasgava) com o governo Sarney e quase vai a bancarrota com o governo Color, deu um pontapé inicial com a substituição do alagoano pelo vice Itamar Franco, que atucanou o governo e conseguiu trazer a fênix de volta, com o Plano Real, comando por Fernando Henrique Cardoso. O PSDB, depois, seguiu por 8 anos com FHC e foi se exterminar de vez no governo paulista de João Dória (sei, ainda tem o Eduardo Leite, no RS…).

Depois foi a vez (enfim) do PT e do governo Lula. Mais avanços, mais conquistas e a velha carroçada de abóbora vai se ajeitando e parando de chacoalhar: tudo tem jeitinho: uma penca se sub fênix ressurgiu: acho que o ponto fatídico foi a foto de Lula levando Haddad para dar a mão pro Maluf.

Partido e reconstrução partidária

Deixemos a União de lado. Quem são o PT e o PSDB do Maranhão hoje? Dá até vontade de lembrar o Guimarães e dizer “Há qualquer coisa no ar além dos aviões da Panair”, ou não há?. Enfim, o PT maranhense hoje tem como representantes maiores o deputado federal Rubens Jr (filho do ex-deputado Rubens pereira) e o vice-governador Felipe Camarão (filho do ex-secretário de estado Phil camarão).

O PSDB quase foi extinto no Maranhão. Depois da morte do ex-governador e ex-prefeito João Castelo, o partido começou a ruir, a sofrer pressões internas e externas, abrigou membros atípicos e chegou um momento, no final do mandato do ex-senador Roberto Rocha que o partido entrou em hibernação.

Agora com a entrada de Paulo Victor, egresso do PC do B, e mais um grupo de novos políticos de origem mais popular (PV é apenas um filho do pai dele), o partido busca, se não reconquistar seu antigo status, encontrar uma nova personalidade, uma base, uma estratégia para se reinserir no grupo que comanda a política no Maranhão.

O governador Calos Brandão, que passa uma chuva no PSB é, no fundo, um tucano de ninho, tanto que, além de ser o padrinho político de Paulo Victor, é o padrinho do PV no PSDB, onde foi muito bem recebido pelo presidente do partido o ex-governador Tasso Jereissati, que declarou na noite de ontem que é preciso que o país volte a uma política de estado, de projetos, de desenvolvimento e não de “distribuição de cargos” em busca de governabilidade.

O que a população da capital (e da região metropolitana) espera é que voltemos a ter uma cidade decente, bem administrada, a exemplo daquela de Jackson Lago. A cidade não tem sido feliz nos últimos governos; sofreu, inclusive, retrocessos. Abriga uma população cansada e desacreditada nos governantes. Os dois últimos, iguais e advindos de uma mesma gênese política (Edivaldo é o filho de Edivaldo e Braide, o filho de Braide).

Independente de todo o caos que o pais vive nos últimos anos, de radicalização da política, de ultradireita, de estímulo a violência, de corrupção institucional, de lobby miliciano entre tantos outros desmandos, os municípios resistem. É preciso não perdê-los para os poderes paralelos.

São Luís, que já é capital de milhão, que tem tantos potenciais, continua se arrastando como a cidade de Ana Jansen (que entrega água em carroças), que polui as fontes, que detona o patrimônio arquitetônico e que renega sua rica e secular cultura a uma gagueira sem expressão.

Há um ano da campanha para as eleições 2024, o cenário é desolador. É preciso fazer rebrilharem a esperança e a motivação nas pessoas. Trazer o cidadão, o eleitor pra dentro do processo, reinstalar conceitos cívicos e republicanos, acreditar que podemos construir uma comunidade melhor. E o começo é justamente a comunidade, aquele lugar onde os vereadores operaram, ou deviam.