O Brasil acordou com a revelação do destino escandaloso das emendas do orçamento secreto do deputado federal Juscelino Filho.
A maioria das manchetes nacionais cravou, “Ministro de Lula usou milhões para beneficio próprio”. A relação direta com o presidente utilizada pela imprensa não é somente pelo último cargo que ocupa. Assim que seu nome apareceu no radar das indicações, praticamente toda a imprensa fez a ligação direta com o centrão e suas conhecidas práticas, falaram também da sustentação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e é claro, o voto a favor do impeachment da Presidenta Dilma, militante histórica do PT. Mesmo assim Lula seguiu em frente com a desculpa recorrente da governabilidade e não disse nada a respeito, nem na época da indicação e nem agora com o ministro admitindo que usou a verba do orçamento secreto que ele tanto condenou na campanha.
A reportagem bem conduzida pelo Estadão mapeou a origem do poder da família Rezende no Maranhão e parte de suas relações políticas. Mostrou também a amizade antiga do ministro com Eduardo DP, empresário preso pela Policia Federal (comandada por Bolsonaro na época) acusado de fraudar licitações no Estado do Maranhão durante o governo do atual ministro da Justiça, Flávio Dino. Um fato curioso é que mesmo depois de preso ele continuou recebendo pelos contratos normalmente até hoje.
Em 2018 quando Juscelino Filho renovou a permanência no comando do diretório estadual do Democratas, disse que somente um não cumprimento do acordo por parte do governador seria capaz de promover um rompimento da aliança entre o partido e Flávio Dino. Os dois seguiram juntos até o fim do mandato, presume-se então que o acordo foi cumprido, como foram cumpridos tantos outros com as famílias feudais que controlam o interior do Maranhão há décadas. Para ser mais preciso, a última mudança de poder significativa que aconteceu aqui no Estado foi o fim da oligarquia de Vitorino Freire e o nascimento da era Sarney, a partir de então os nomes e sobrenomes do poder continuam os mesmos, herança de pai para filho que o povo maranhense assiste pacificamente passar em carrões no asfalto novo em frente as suas humildes casas.
Dayse Waldorf
Mudam-se as peças mas o jogo é o mesmo! 💸