São Luís se autointitula como “uma cidade cheia de lendas e mistérios”. Alguns desses “mistérios” se eternizaram no imaginário popular, enquanto outros nem tanto. Como exemplo destes “mistérios” esquecidos temos a morte do Joalheiro Galeotti/Galleotti.

A cidade ainda avaliava os estragos provocados pela chuva torrencial da noite anterior quando a imprensa noticiou a descoberta do cadáver do conhecido joalheiro e dono da ótica e joalheria “Pêndula Maranhão” (Rua Oswaldo Cruz, n° 23). O corpo do joalheiro Galeotti/Galleotti, que morava em uma casa simples situada à Travessa 5 de outubro, no Centro da cidade, fora encontrado na cama, enforcado com o próprio cinto, por seu sócio, Pedro Mojoli.

A polícia incialmente tratou o caso como suicídio, mas por pressão dos periódicos locais, que levantavam dúvidas sobre essa linha investigativa, passou a tratá-lo como homicídio e o primeiro a ser indicado como suspeito foi Pedro Mojoli.

Foram 3 anos entre idas e vindas. Interrogatórios; confissões sob tortura; anulação da confissão porque foi feita sob tortura; prisão preventiva; habeas corpus; “bate-boca”, através da imprensa, entre o chefe de polícia, promotor de justiça, defesa, jornalistas; marcação e adiamento do julgamento; remarcação, realização e anulação do julgamento. Os jornais aliados ao governador Godofredo Viana elogiavam o “meticuloso trabalho de investigação policial acompanhado de perto pelo nosso excelente governador”. Já os de oposição chamavam as hipóteses levantadas pela polícia de “um claro esforço de ‘sherloquismo’ amador” e exortava a necessidade de modernização e profissionalização urgente da atividade policial e do trabalho legista no Maranhão.

Em 1927, Pedro Mojoli foi julgado e considerado inocente pelo Tribunal do Juri. Não houve recurso por parte da promotoria. O caso foi arquivado e até hoje, 100 anos depois, a misteriosa morte do joalheiro Galeotti/Galleotti continua sem solução.

Na foto 1, retirada do jornal Folha do Povo (20/09/1924), Pedro Mojoli é chamado de “criminoso”, antes mesmo do seu julgamento ou de qualquer condenação.

Na foto 2, print dos autos do processo, nota-se que as perguntas feitas ao juri já indicam claramente a intenção de condenar o réu, Pedro Mojoli.

Fontes:

Periódicos: Folha do Povo, Diário de São Luiz e Pacotilha

Judiciais: autos do processo do caso Galeotti/Galleotti (Arquivo Judiciário).