Qual é o plano… Diretor?

A arte imita a vida. Uns dizem que sim, outros dizem que não. Alguns falam que a arte é uma fuga da realidade, Oscar Wilde disse que a vida imita a arte muito mais que a arte imita a vida, Woody Allen acha que a vida não imita a arte, a vida imita um programa de televisão ruim, eu já acho que todos têm um pouco de razão.

Pegando o gancho da arte, quem é fã de histórias em quadrinhos e séries do Batman já deve ter ouvido falar de Gotham City, a cidade fictícia dominada pelo crime. Lá a sociedade se acostumou a conviver com a corrupção de políticos e suas conexões com o submundo. Criada para ser o espelho das grandes metrópoles do mundo, em sua periferia existe o Asilo Arkham, um hospício isolado para pessoas confinadas já desenganadas pela sociedade.

Vamos suspender um pouco a ficção e beber na fonte da história.  A São Luís da década de 30 enfrentava o ápice da crise da hanseníase, com pessoas doentes sendo apedrejadas e assassinadas nas imediações do bairro da Madre Deus. Naquela região periférica existia o Asilo do Gavião, também conhecido como o purgatório dos Lázaros, abrigo e refugio desde 1870 para os pacientes que não tinham mais perspectivas de vida. A “solução” encontrada pelo então governador Aquiles Lisboa, que também era médico, farmacêutico e membro da Comissão Central Brasileira de Eugenia, foi levar esses doentes para o isolamento na comunidade do Bonfim na área Itaqui Bacanga que sequer tinha a barragem naquela época e com esse mesmo currículo Aquiles Lisboa foi condecorado na Assembleia Legislativa como pioneiro no tratamento da hanseníase.

Um caso claro onde a arte imitou a vida e qualquer semelhança de Aquiles Lisboa com Hugo Strange é mera coincidência.

Mas vamos avançar no tempo, porém continuando na área Itaqui Bacanga e também flertando com Gotham. Ultimamente tem aumentado o interesse pela área Itaqui Bacanga, afinal é uma área que tem o Porto do Itaqui e uma alta densidade eleitoral.

Na discussão dos nomes para ocupar o posto maior da EMAP, havia um impasse pela manutenção de Ted Lago, mas pesou a insistência do governo em aplicar os recursos do porto fora da poligonal delimitada por lei. A solução foi escalar Gilberto Lins, ex presidente da MOB para ser o manda chuva na área do porto. A experiência de 7 meses comandando o serviço de transporte de ferry boats foi suficiente para ser escolhido  e nem mesmo o desgaste da “solução” Jose Humberto para a crise recente na travessia São Luís / Cujupe  foi levado em consideração.

Com a maioria dos postos ocupados, os nomes definidos e as missões dadas, o presidente interino da câmara municipal, o vereador Francisco Chaguinhas, que por sinal lembra vagamente o personagem Pinguim de Gotham, tem mirado em suas declarações no prefeito Braide, colocando o porto como fomento de desenvolvimento da região e o usando o plano diretor como sustentação dos ataques.

Vamos analisar algumas de suas verborragias:

“Foi preciso exorcizar o plano diretor para sair”

Bom o atual plano diretor de São Luís foi implantando em 2006 por pressão do Ministério Público. Por coincidência foi no mesmo período que  Chaguinhas teve seu primeiro mandato de vereador. Podemos concluir então que o atual presidente interino da câmara municipal teve uma  convivência harmoniosa com o “maligno” plano diretor por 17 anos e não fez absolutamente nada até então.

Outra frase estranha do vereador defensor da família tradicional maranhense foi a seguinte:

“A sociedade precisa entender que o Plano Diretor não é um salvador, mas ele é a norma necessária para poder amarrar o péssimo gestor e dar asas para o bom gestor voar.”

É importante deixar claro que até recentemente Chaguinhas era aliado do atual prefeito Braide. Mas a relação desandou depois da ascensão de Paulo Vitor cooptando os vereadores com a força dos Leões  distribuindo cargos na maquina administrativa estatal para ter o controle da câmara e consequentemente desgastar a relação com o atual prefeito. O próprio Chaguinhas já deixou claro que esta na presidência casa para dar continuidade às ações de Paulo Vitor.

Sobre o Plano Diretor propriamente dito, ninguém fala ou discute a proposta de avanço da zona urbana sobre a zona rural. Não se discute a importância da preservação dos lençóis freáticos na própria aérea Itaqui Bacanga, que tem na ponta da madeira uma formação Itapecuru que vem desde o período cretáceo e está ameaçado.

Na proposta atual desse plano o município perderia ainda 162 hectares de áreas de recarga de aquíferos, importantes tanto para a captação de água para consumo como para a prevenção de enchentes e alagamentos.

Mas pelo visto nada disso importa para o presidente interino da câmara que esta cumprindo a missão que lhe foi passada, resta saber apenas quando aparecerá o bem feitor para “salvar” Gotham City de todo esse mar de crimes e corrupção.

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  1. Cerqueira

    Parabéns! Clareza e oportuno deixo meu apoio a mensagem. Pedimos urgência sentido de veículos de modos geral circularem somente em um sentido em todos ruas de bairros principalmente aqueles menos que 10metros largura ASSIM ATINGIR 60% DAS RUAS para melhor espaço circular pessoas onde não possível principalmente vias pedestres *as calçadas, minha gente! Somos humanos somos vidas* abraço ao Ada

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