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O engodo do maior São João do Mundo

Para entender melhor a origem desse título é preciso voltar um pouquinho no tempo.

O ano era 2022, um ano de eleição para o governo do Estado, Carlos Brandão já era  governador, mas enfrentava dificuldades no eleitorado de São Luís, para conter o avanço de Weverton Rocha e Lahésio Bonfim na capital escalou o vereador Paulo Vitor com o objetivo de trazer os vereadores para o lado governista, missão dada missão cumprida, porém foi obrigado a prometer mundos e fundos aos colegas famintos por espaços atropelando a presidência de Osmar Filho que trabalhava em prol do senador pedetista, mas acabou priorizando a sua eleição e fugiu dessa bola dividida.

Havia também uma demanda reprimida em virtude da pandemia e com dois anos sem São João meus amigos os maranhenses estavam subindo pelas paredes com saudade das festividades.

Paulo Vitor era um rolo compressor, passou por cima de Astro de Ogum que até então tinha muita liderança no segmento da cultura popular, mas sem força no governo teve que assistir de camarote a ascensão do PV que foi pra cima e bradou aos quatro cantos que iria fazer o maior São João do mundo, nunca fez, porém nascia ali a maior forçação  de barra da história da nossa cultura colocando o nosso São João como o maior do mundo.

De resultado pouco efetivo para quem realmente faz a cultura do Maranhão e invencionices como uma travessia boieira e bandeirinhas na ponte do São Francisco, Paulo Vitor virou secretário de cultura trazendo na bagagem um modelo aprimorado de gestão para a pasta, a SECMA como produtora de eventos nacionais, se antes era mais tímida a contratação de artistas de outros estados, agora a turma do PV estava no palco, no som e na luz, vumbora que vai dar certo, esse era o lema segurando a mangueira em cima do carro pipa.

Não deu, o homem que peitou Braide achando que ia ser vitorioso deu um passo maior que a perna, queimou a largada e na disputa midiática com o prefeito levou a pior, não conseguiu nem arranhar a imagem do chefe do executivo municipal, perdeu a secretaria de cultura e não conseguiu sequer ser candidato a prefeito pelo grupo do governador.

Para a cultura deixou o seu maior legado, Yuri Arruda, um gestor que disse abertamente que para ser secretário de cultura não precisa entender de cultura, não precisamos falar mais nada não é?

Mas o resultado está posto, verbas milionárias e antecipadas para atrações nacionais de outros segmentos enquanto as brincadeiras maranhenses ficam um ano sem receber os valores ínfimos que não representam o seu valor, a praia grande que é o nosso maior atrativo turístico sem as tradicionais bandeirinhas e sem um arraial sequer, verbas que deviam ser destinadas ao fomento entregues a empresas privadas para exploração de camarotes e por ai vai.

Será que podemos chamar isso de maior São João do Mundo mesmo?

Segundo a revista da companhia aérea azul em sua matéria especial de capa desse mês, o São João do Maranhão não foi colocado sequer entre os dez destinos mais procurados do nordeste, ou seja, a demanda de turistas para São Luís nesse período não é essa coisa toda que o governo tenta empurrar goela abaixo, mas acredita quem quiser ou pelo menos fingir que é verdade, mas que é vergonhoso isso é.

Executivo & Legislativo ou Executivo X Legislativo? A população ainda existe

Se pousarmos o olhar sobre as duas casas legislativas, a Câmara de Vereadores de São Luís e a Assembleia Legislativa do Maranhão, teremos a necessidade de sombrear a testa, de cerrar os olhos, de desconfiar, de questionar como andam as relações nessas “casas do povo” em busca de alguma compreensão.

Vivemos duas realidades estranhas. Esse é o nome. Estranho é aquilo que não devia ser, que se apresenta distorcido, indefinível. E como se trata de uma situação pública (ou pelo menos devia ser), essa estranheza, essa indefinição, se torna mais preocupante. Lembrando que entre outras, a função das duas casas legislativas é fiscalizar os executivos, apreciar as demandas desses e fazer a ligação deles com a população: as assembleias são a casa do povo!

Apesar de o prefeito Eduardo Braide (PSD) ter comparecido na manhã desta segunda-feira (06) à abertura dos trabalhos da Câmara Municipal, o clima entre executivo e legislativo municipais continua azedo, e cada vez mais; a ponto de, sequer, a prefeitura ter um líder na casa, cargo abandonado pelo vereador Raimundo Penha (PDT) ainda no ano passado. E cargo que ninguém se mostra interessado em ocupar.

Na assembleia legislativa se dá ao contrário. Parece que o chefe da casa é o govenador Carlos Brandão (PSB) e não da sua presidente, Iracema Vale (PSB). O que se vê é o governador apaziguando todas as quimeras ali geradas. Foi ele, por exemplo, quem definiu quem presidiria a casa e até quem seria o vice, resolvendo contenda dentro até do partido alheio (caso entre Ana do Gás e Rodrigo Lago, os dois do PC do B).

Agora é a vez da formação das comissões permanentes, sendo a Comissão de Constituição e Justiça a mais importante e mais cobiçada. Coincidentemente, o nome mais forte para ocupar a presidência da CCJ é o deputado Carlos Lula (PSB), do partido de Brandão. Dizem que Lula foi rifado na composição da mesa, e que a presidência da CCJ seria uma compensação.

Então é só coincidência mais um cargo no controle do grupo do governo. Só lembrando que a ALEMA deveria ser um contrapeso nas ações do governo, um fiscal; mas aí fica que nem flanelinha, que recebe um troco e diz que foi o caminhão de lixo que amassou o carro? Ou não?

Uma das coisas recentes mais chocantes, e que ficou no vento, como poeira ordinária, foi a declaração dos ex-ministro do meio ambiente de Bolsonaro, eleito deputado federal Ricardo Sales, com a história de “aproveitar pra passar a boiada”, sobre toda a legalidade e toda a moralidade. Por isso hoje mais de cinco mil garimpeiros estão na Terra Ianomâmi e os indígenas morrendo a toque de boiada passando a porteira.

O que move o mundo democrático é o desequilíbrio, sob a busca do equilíbrio. Nenhuma ordem pode ser inquestionável, nenhum pensamento, nenhuma ação, nem pro bem, nem pro mal a despeito de subir um odor de totalitarismo. É bom a imprensa (é isso mesmo, a imprensa… ah… sei, a imprensa) e os reguladores sociais (?) abrirem o olho. O embate entre executivo e legislativo é saudável, desejável, e imprescindível. E que haja acordos e desacordos. Tudo em prol da democracia, do republicanismo e da população (isso mesmo, ela ainda existe).

Vamos discutir, vamos discordar. Até por que, como disse Nelson Rodrigues “Toda unanimidade é burra”. Ou será que agora a unanimidade tem outro nome?