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Felipe Camarão está no jogo

A crise mais comentada nas últimas semanas no Maranhão é o rompimento entre os grupos do governador e do seu vice.

Entre os muitos focos de incêndio está à dúvida se Felipe segue no comando da secretária da educação ou não. Muitos deram como certa a  sua saída assim que o governador  retornasse da viagem internacional nesta quinta feira, porém o fato politico do dia foi a reunião do vice governador em Brasília com o presidente da república.

O Secretário de educação que estava sob bombardeio no debate politico local mostrou que também tem força e influência com Lula deixando um recado claro para os incendiários que ainda é um dos principais atores para 2026.

A agenda marcada com agilidade além de demonstrar o prestígio de Felipe é um recado claro do presidente que ao falar em UNIDADE PARA SEMPRE, quer o Maranhão pacificado politicamente e para isso o melhor caminho é manter o acordo firmado sem necessidade de rompimento.

Felipe Camarão precisa agora encarar novos desafios, um deles é ser o líder que o PT precisa, dialogando e apoiando todas as correntes do partido pavimentando a unidade em torno do seu nome para 2026.

 

No Maranhão Lula é Sarney Futebol Clube

Quem não lembra daquele canto das torcidas para enaltecer os jogadores que decidiam as partidas?

Recordar.é viver, fulano acabou com você.”

O ano era 2002, o Brasil celebrava o penta campeonato mundial e também a eleição do primeiro presidente genuinamente de esquerda no país. A euforia e a esperança eram enormes, mas o Lula já não era mais aquele do sindicato dos metalúrgicos e a  “gourmetização” do saudoso Duda Mendonça o transformou no Lulinha paz e amor, começava ali o seu relacionamento com o famigerado centrão e essa tal de governabilidade.

Na reta final do primeiro mandato surgiu o escândalo do mensalão que abalou o governo naquele momento com Roberto Jeferson entregando o esquema capitaneado por José Dirceu, que era o operador do arrego dos parlamentares naquela época. O clima ficou muito tenso, mas Sarney e Renan Calheiros mataram no peito e seguram a pressão abrindo as portas da casa grande para o ex metalúrgico, mas as faturas com certeza seriam cobradas no estilo Dom Vito Corleone do clássico o poderoso chefão.

Nas eleições de 2006, Jackson Lago do PDT teve uma vitória histórica derrotando Roseana Sarney com apoio de Lula enchendo o Maranhão de esperança para um governo legitimado pela classe trabalhadora, mas a euforia deu lugar a frustração com um golpe profundo na democracia maranhense. Roseana toma o governo no tapetão com um processo forjado pelo “obreiro” Chiquinho Escórcio e uma atuação decisiva  do honorário ministro Eros Grau nomeado por Lula para o STF.

Lula que já tinha se distanciado da esquerda raiz pagou a fatura virando as costas para a luta dos trabalhadores maranhenses devolvendo o território feudal a família Sarney.

Lembram do canto no início do texto, poderia ser assim não é ?

Recordar é viver, o Lula acabou com o PDT.”

E assim caminhou o Brasil e o Maranhão, mensalão, atos secretos, refinarias sem petróleo e esquemas.ilusorios até Flávio Dino chegar ao poder e “acabar” de vez com a oligarquia.

Confesso que nunca entendi muito bem essa bandeira  de Dino em acabar com a oligarquia tendo como vice um membro umbilical do grupo Sarney, o resultado é que depois de 7 anos e meio o Maranhão voltou a ser pacificado.

Flávio Dino foi promovido ao STF, Brandão governando com parentes, Lula indo jantar na casa grande e a militância no sol quente tremulando as bandeiras aplaudindo Sarney sob os olhares da poesia atemporal de Renato Russo.

“Mudaram as estações e nada mudou..

Se lembra quando a gente

Chegou um dia acreditar…”

Todos em busca de um “Negócio da China!”

O presidente Lula foi pra China. Levou o governador Brandão, uma parelha de deputados, senadores, lideranças, empresários… A trupe brasileira. Não me admira se aparecer um pandeiro, um tamborim e um cavaquinho pra articular um samba nesse avião, pra chegar todo mundo animado pra fazer “Negócios da China”.

No mais é procurar alguém pra botar a culpa dos problemas urgentes; a velha estratégia que, no mínimo, dá um tempo a mais para que uma contenda seja resolvida. Ou esquecida, isso com a ajuda de alguns agentes que podem ir desviando do problema real, ou criar ramificações que causem confusão nas análises. Isto posto vamos aos “Negócios da China”.

Quem pauta? A imprensa ou os poderes constituídos? Ou é como garimpo, apareceu ouro num barranco começam a cavoucar nas laterais, ninguém vai procurar no lugar oposto onde o colega bamburrou. Bamburrar é um “Negócio da China”.

Então vamos discutir os juros no Brasil? É a “batata quente”: vamos jogar no colo de quem? Ah, mas o banco Central é “autônomo”! Ah, mas eu não nomeei o presidente do BC; Ah, mas pra controlar a inflação tem que ter juros de 26% (e não 13,75%); Ah, mas os empresários que querem investir no Brasil vão desistir com um juro desses… Bom, esses juros cósmicos brasileiros devem ser o oposto de um “Negócio da China”, então estes ficam cozinhando por aqui.

Já tivemos alguns “Negócios da China” no Maranhão. Por exemplo, a compra de respiradores durante o início da pandemia de Covid-19, que foi um negócio tão incrível, que virou até livro. Outro foi aquele porto que seria construído na comunidade Cajueiro, que foi devastada, teve sítios espirituais arrancados, o meio ambiente ameaçado e o tal porto ficou no esquecimento. E os moradores da Vila Cajueiro sem as suas casas.

A expressão “Negócio da China” remonta ao século XV, para uma China que virava as costas para o ocidente, que estava louco para por as mãos nas sedas, temperos, ervas, óleos e perfumes orientais, o grande “negócio da China” de então. Agora as coisas mudaram, A Guerra do Ópio ficou lá no século XIX, os chineses se livraram da Inglaterra e meteram a Revolução Maoísta no meio. A China é hoje reconhecida potência mundial e é “onde está o dinheiro”. Então todos querem correr pra lá.

Mas a China só tem feito “Negócios da China” para ela mesma, para as “potências” Estados Unidos e União Europeia o presidente Xi Jinping não oferece, sequer, um sorriso. E no Maranhão, por enquanto, de realidade mesmo em termos de “Negócio da China”, o que temos de concreto palpável e visível é, unicamente, o comércio de bugigangas da Rua de Santana.

Maranhão 2050: para onde, para quando?

Lendo o artigo do colega aqui do lado, fiz aquele velho mergulho na História (talvez nas trevas) pra tentar compreender o significado de o que seria um “Maranhão 2050”. Mas nem voltei muito, só uns 100 anos (imaginando o período de 1950 a 2050). E por que esse período? Pela recente promessa de um Maranhão desenvolvimentista para 2050.

Que projeto trilha o Brasil (e o Maranhão, que está na mesma pororoca)? Aquele iniciado nos anos 1950, de cunho “desenvolvimentista” (vamos colocar aspas, porque o termo desenvolvimentista pode ser bem repensado).  Aquele mesmo projeto que se sentiu ameaçado pela reforma agrária de Joao Goulart, as famigeradas “reformas de base”.

Era um plano de empresários e industriais que passaram a mandar num Brasil de coronéis que se diluía (o Maranhão nem tanto). E esse plano envolvia dinheiro para esse grupo. Não envolvia nada coletivo, que beneficiasse a população carente como projeto de educação, saúde, muito menos de necessidades básicas, como moradia, saúde pública, ou vacinação, por exemplo. Era o início de um projeto multinacional, de mercado aberto.

Esse projeto se viu ameaçado quando o maluco do Jânio Quadros trocou os pés e João Goulart assumiu o governo do Brasil. A onda hegemônica e neurastênica anticomunista norte-americana estava a todo vapor, financiando golpes militares a torto e a direito, principalmente na América Latina. Foi fácil reunir o poder armado militar e o poder financeiro empresarial. Pronto! Tá feito o golpe de estado antidemocrático de 1964. Esquece-se a reforma agrária e financia-se o empresariado estabelecido.

Eleições de 1965 e o Maranhão

Nas eleições de 1965, foi eleito governador do Maranhão, pela ARENA (o partido do golpe militar) o jovem deputado federal José Sarney, queridinho do presidente golpista general Castelo Branco: “Deputado a sua eleição foi um dos fatos políticos que mais me sensibilizaram até hoje. Fique certo de que o Maranhão receberá toda a assistência do Governo Federal, eu quero colaborar decisivamente com seu governo”, matéria do Jornal O Imparcial de 24 de outubro de 1965.

Junto com Sarney, foram eleitos dois senadores, também da ARENA: Clodomir Millet e Eugênio de Barros; e Antônio de Moraes Correia, pelo MDB (partido de oposição). Dos deputados federais (eram 16, na época), 13 eram da ARENA e apenas 3 do MDB (dois deles seriam cassados pelo AI5).

Em 1965 a Assembleia legislativa era composta por 40 deputados estaduais. A ARENA elegeu 31 (entre eles Carlos Orleans Brandão, pai do atual governador do estado) e o MDB elegeu 9 deputados estaduais.

Mais um detalhe, o grande adversário derrotado por Sarney, na época era o Vitorino Freire (oligarca de anos, mandando no estado); Vitorino também se filiou à ARENA, tornando-se correligionário do principal adversário, que acabou com uma eternidade de seus mandos no estado. Parece até a piada pronta de que “às vezes é preciso mudar tudo, para tudo permaneça igual”.

O golpe militar, que foi um golpe civil-militar, levou milicos para a presidência, mas também levou todos os gestores desenvolvimentistas do empresariado para os mais altos cargos da república, onde retomaram o projeto de financiamento do empresariado brasileiro, deixando o povo na miséria e no analfabetismo.

No Maranhão, Sarney se tornou o comandante da nova oligarquia (ah, não é mais!) e financiador político do projeto da ditadura que continuava o projeto dos anos 1950, sempre apoiado pelo grupo conservador que atuava nos legislativos, quase todos da ARENA e apoiadores do golpe, da ditadura, dos atos antidemocráticos e silenciados sobre todas as atrocidades cometidas nos anos de chumbo.

E assim foi, até o governo Fernando Henrique Cardoso (apesar dos pesares) iniciar um processo de inclusão da população pobre no projeto nacional. Agora esse projeto (de Estado!) pensa o Maranhão pelos próximos 27 anos. Que bonito! Parece que agora vai. A não ser que cortem a curica de Lula, como cortaram a de Dilma e o Maranhão 2050 siga até lá com as commodities, o agronegócio e alguns poucos mandatários ou desmandatários vivendo nababescamente à custa do erário.

Cenas dos próximos capítulos

O Governo Lula dá novo impulso ao processo de inclusão social no país. Sarney dá nova volta por cima e continua voz unânime na política nacional.