Vim enterrar César, não louvá-lo. O mal que os homens fazem sobrevive a eles. O bem quase sempre com seus ossos se enterra. Pois seja assim com César. O nobre Brutus já lhes disse que César era ambicioso. Se assim era, foi uma falta gravíssima, e gravemente César respondeu por ela. Com licença de Brutus e de todos os demais, pois Brutus é um homem honrado; assim são todos os outros, homens honrados, venho eu aqui no funeral de César. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo. Mas Brutus disse que ele era ambicioso. E Brutus é um homem honrado.
Discurso de Marco Antônio em Julio César – Shakespeare
O cara se matando pra compreender esse mundo, suando sobre as obras de Nietzsche, Derrida, Bauman e Cioran; buscando um sentido para tanto absurdo, tanto equívoco. Tentando encaixar o viés desumano para onde a humanidade se conduz. E descortina-se uma vida guiada por DI’s, ex BBB’s, gerida por CEO’s… Haja IA’s!
Mas não são os filósofos (nem os artistas, viu!?) que conduzem a tirania da realidade nos tempos atuais (nem nunca foi, eu sei…); são os mercadores; todos os tipos deles. Só que hoje têm “especialistas” (esse raio infame da hipermodernidade!).
Algumas discussões, que a priori, podem parecer de cunho econômico, são na verdade de cunho acadêmico, mas não da economia, mas da filosofia (moral), da sociologia (cultura) e da comunicação (marketing – o marketing é da comunicação ou da economia?). A Comunicação é a nevralgia disso tudo – e não é só o marketing.
Os CEO’s (Chief Executive Officer ou Diretor Executivo)
As algumas discussões, por exemplo, são: Boca Rosa (digital influencer e ex BBB) no SXSW, evento internacional de Inovação que ocorre nos EUA e foi patrocinado pelo banco brasileiro Itaú; a falência das Lojas Americanas e a contratação de Gisele Bündchen pela Brahma para participar do carnaval na Sapucaí; a quebra de dois bancos americanos e o bamboleio (bamboleiôõõõo, bambileiáááá…) do segundo maior banco suíço (solução fácil essa; já foi comprado pelo maior banco suíço).
Os siôs (regionalismo do Maranhão – redução de “senhor”) :
Novamente pistoleiros encapuzados, numa versão, hipermoderna da Ku Klux Klan, invadem comunidades tradicionais no interior do Maranhão e a polícia pede “calma” aos moradores apavorados, ao invés de prender essa penca de bandidos contratados, pelo que parece, pelas velhas práticas do terrorismo no estado. E quem tem que ter calma são aqueles que tem suas casas queimadas e suas terras tomadas.
Para a estética, para a poesia, a contradição é um tipo de elemento que compõe as obras. “Eu me contradigo? Pois muito bem, eu me contradigo. Sou amplo, contenho multidões”, escreveu Walt Whitman; “Eu sou um outro” escreveu Rimbaud, esses dois ali pelos fins do século XIX. “Contradigo-me a mim mesmo? Muito bem, então, contradigo a mim mesmo”, repetiu James Joyce; “Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta”, refez Mário de Andrade, estes, no começo do século XX.
Desde então a modernidade foi a voragem do homem moderno. O superhomem de Nietzsche, as desconstruções de Derrida, a insônia de Cioran, e a sociedade líquida de Bauman versões de um empoderamento misturado com aniquilação. “As minorias são todos, a maioria não é ninguém”, diria Deleuze.
Agora os CEO’s, poderosos inconstantes do século XXI, fecham os olhos para todas as contradições e massacres do século. São parceiros dos “homens da política pública”, esta, tão privada, quanto a privada. Aqueles por detrás dos CEO’s, ninguém sabe quem é, embora haja alguns testas de ferro para serem crucificados, quando extremamente necessário, de vez em quando,
Presente na SXSW, Olga Martinez, sócia e fundadora da consultoria Amélie veio com uma tirada e tanto, reproduzida num artigo muito legal do Guilherme Ravache para o UOL: “Big tech, big corp, big bank? big is bad (grande é ruim)”. Isso nos lembra do mantra “global” de que “agro é pop, agro é”… bost… Esse mesmo que expulsa pobres comunidades tradicionais de suas casas, queimando seus “quase nada”. Siô!…