Em 25 novembro de 2022, o empresário João Amoêdo, um dos fundadores do Partido Novo anunciou o seu desligamento da sigla. Depois de sofrer muitas críticas internas por ter apoiado Lula, Amoêdo disse o seguinte em suas redes sociais. “Hoje, com muito pesar, me desfilio do partido que fundei, financiei e para o qual trabalhei desde 2010, infelizmente, o Novo, fundado em 2011 e pelo qual trabalhamos por mais de 10 anos, não existe mais”.

 Amoêdo não parou por aí e demonstrou com todas as letras a sua visão sobre o partido.

“O Novo atual descumpre o próprio estatuto, aparelha a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coligações apenas por interesses eleitorais, idolatra mandatários, não reconhece os erros, ataca os Poderes constituídos da República e estimula ações contra a democracia”.

Notem que essa declaração foi dada 45 dias antes da baderna golpista de 8 de janeiro. Oficialmente, em 2022, o Novo liberou filiados a votar de acordo com a sua consciência e princípios partidários, porém, na mesma nota oficial se posicionou contra o PT e ao Lulismo, como aquele conhecido adágio popular: “como quem atira a pedra e  esconde a mão”.

O resultado, com base em números, constata que com o afastamento de uma liderança como João Amoêdo, o Novo, que vinha em crescimento no país com 8 deputados federais e 12 estaduais encolheu para 3 deputados federais e 5 estaduais. Um claro sinal de que o Partido Novo não é mais tão novo assim.

Mas, vamos falar das nossas “vacas-frias”. No Maranhão, o partido vinha tentando caminhar com quadros inteligentes, nomes preparados, de afinidade com o estatuto da legenda e principalmente fora da bolha política tradicional. Mas, depois do racha ideológico na executiva nacional, o cenário maranhense também mudaria os rumos e um dos nomes anunciados como novidade foi o do piauiense Lahésio Bonfim, ex- prefeito da pequenina cidade de São Pedro dos Crentes, de aproximadamente cinco mil habitantes e apenas 4 escolas da rede municipal de ensino.

Lahésio, que já foi filiado ao PT, PDT e até no PSB do governador Carlos Brandão, surfou na onda do bolsonarismo vendendo a ilusão de que era o melhor prefeito do Maranhão, com base nos números de uma cidade menor do que um bairro da zona rural de São Luís e que sequer enfrenta problemas que os municípios maiores enfrentam diariamente, como por exemplo, o caos do transporte público.

Trazendo a analogia para o mundo empresarial, que é o campo do Partido Novo, é como o dono de um mercadinho de 100 metros quadrados achar que pode administrar o Atacadão Mateus. Um exemplo recente demonstrou mais uma vez a falta de preparo intelectual de Lahésio, em uma tentativa de debater com o vice governador Felipe Camarão e acabou por ficar sem argumentos apelando de forma baixa e preconceituosa insinuando que Felipe seria gay. Uma total falta de respeito com a família do secretário de educação e também com todas as famílias maranhenses e com a comunidade LGBTQIA+,  que não pode ser tratada como algo pejorativo. Ainda que a orientação sexual de Camarão fosse uma verdade, a exposição de questões pessoais demonstra uma postura lamentável ainda mais vindo  de um partido que sempre debateu de forma inteligente e respeitosa.

Ainda sob a liderança presencial e intelectual de Lahésio, o partido vem buscando nomes para concorrer ao cargo de prefeito na capital. O primeiro seria o seu, mas como ele não pode concorrer a nenhuma eleição municipal esse ano, abriu conversas com os deputados Wellington do Curso e Yglésio Moíses.

O primeiro está com a vida partidária resolvida e pode se filiar imediatamente. Agora, o caso do recém convertido  bolsonarista, eleito num partido de esquerda, é bem mais complicado. O governador Carlos Brandão, presidente da legenda no Maranhão, já declarou que o PSB vai com o deputado federal Duarte Junior, desafeto antigo do ex –presidente do Moto. Além disso, existe uma briga judicial em que Yglésio quer sair da sigla sem perder o mandato e apesar de ter conseguido uma liminar no TRE, o partido pretende levar o caso até o STF piorando tudo. Afinal, todos já sabem que Flávio Dino, outro grande desafeto seu, assume uma cadeira no Supremo Tribunal Federal a partir de fevereiro.

O caminho mais curto para ele seria a interferência do governador, porém, seria uma barganha um tanto cara interceder junto a Flávio Dino e ao “quase” comandante da ABIN Ricado Capelli, mais um desafeto raivoso de Yglésio Moises. Situação muito delicada e ainda sem desfecho.

O Partido Novo, pelo visto, deve aguardar mais um pouco e por enquanto vai deixar na geladeira o professor, historiador e monarquista Diogo Gualhardo, que é sem dúvidas um quadro inteligente da legenda, mas ideologicamente preso a contos de fadas de reis e rainhas de um passado que não volta mais.

Para finalizar, vou pedir uma licença poética e mudar um pouco a célebre frase de Shakespeare para dizer que “não há nada de novo no reino da Dinamarca”.