quarta-feira, 1 outubro, 2025

A prisão em flagrante de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (CONAFER), nesta terça-feira (30), gerou efeito imediato no governo do Maranhão. Poucas horas após o episódio, ocorrido durante a CPMI do INSS, o governador Carlos Brandão (PSB) determinou a retirada do ar de matérias oficiais que destacavam convênios firmados entre o estado e a entidade.

As publicações, que até então exaltavam a parceria, detalhavam uma série de acordos voltados para agricultura familiar, pecuária e projetos previdenciários. Em uma solenidade realizada em 23 de fevereiro de 2024, o próprio governador esteve na sede da CONAFER, em Brasília, para a assinatura de novos convênios. Na ocasião, Brandão elogiou publicamente o trabalho da confederação, afirmando que o pequeno produtor precisa da “mão amiga do governo, da iniciativa privada e da CONAFER, que faz um trabalho extraordinário”.

O presidente do Iterma, Anderson Ferreira, também participou do evento e detalhou que os acordos incluíam a atuação em benefícios previdenciários. Na prática, o governo maranhense autorizou a entidade a operar em questões ligadas ao INSS no estado.

Levantamentos preliminares indicam que o contrato da CONAFER no Maranhão pode ultrapassar a cifra de R$ 100 milhões. A Polícia Federal deve investigar se os serviços previstos foram de fato executados ou se houve desvio de recursos.

A prisão de Lopes, no entanto, transformou a parceria em um constrangimento político. A PF suspeita que a CONAFER seja peça central de um esquema de fraudes bilionárias em descontos previdenciários. Segundo as investigações, o volume de descontos operados pela entidade saltou de R$ 400 mil, em 2019, para R$ 277 milhões em 2024, incluindo cobranças em nome de aposentados já falecidos.

Na CPMI, o relator Alfredo Gaspar (União-AL) expôs movimentações financeiras incompatíveis com o patrimônio declarado por Lopes. O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA), que integra a comissão, endossou a decisão da prisão. Agora, aliados da oposição avaliam que o governador Carlos Brandão pode ser chamado à CPMI para explicar a relação próxima com a entidade investigada.

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