Em um movimento que explicita a tensão entre a base governista e a cúpula de seus partidos, o ministro do Esporte, André Fufuca, foi publicamente punido pelo Progressistas (PP) após desobeder uma orientação nacional e reafirmar seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão partidária foi anunciada através de uma nota oficial.

A Executiva Nacional do PP determinou o afastamento de Fufuca de todas as decisões partidárias e de seu cargo de vice-presidente nacional. A legenda também informou que realizará uma intervenção no diretório estadual do Maranhão, reduto eleitoral do ministro, retirando-o do comando. A medida é uma resposta direta à decisão do ministro de permanecer no governo Lula.
A punição ocorre um dia após Fufuca discursar ao lado do presidente em um evento no Maranhão, onde declarou apoio a Lula de forma enfática. “Eu falo em alto e bom som: eu estou com Lula”, afirmou o ministro, listando uma série de programas sociais do governo. Em seu discurso, Fufuca fez uma referência indireta à pressão partidária, declarando que, em 2026, seu corpo pode estar “amarrado”, mas sua alma e coração estarão livres para ajudar Lula a ser reeleito.
A crise foi catalisada pela recente federação entre PP e União Brasil, que determinou que todos os filiados com cargos no governo deveriam deixar seus postos. Apesar de ser considerado próximo do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e opositor declarado de Lula, Fufuca optou por permanecer no Ministério do Esporte.
A intervenção no diretório do Maranhão antecipa a resolução de um impasse dentro da nova federação. A expectativa é que o comando do PP no estado passe para o líder do União Brasil na Câmara, deputado Pedro Lucas.
A punição a Fufuca ocorre em um momento em que o Palácio do Planalto parece apostar em rachas internos nas legendas do Centrão para fortalecer aliados locais, mesmo contra a vontade das cúpulas partidárias. Recentemente, Lula declarou que não irá “implorar” por apoio e, em agosto, chegou a criticar tanto Ciro Nogueira quanto o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, em reunião ministerial.
Até o fechamento desta edição, o ministro do Esporte não se manifestou sobre as punições aplicadas pelo partido.
