Infelizmente nos acostumamos a lidar anualmente com polêmicas envolvendo datas festivas no Maranhão, seja aniversário de cidades, festas juninas e, é claro, o carnaval; este então é a menina dos olhos dos gestores públicos, com quatro dias de festas oficiais, mais o pré-carnaval, motivos de sobra para justificativas de altos investimentos de dinheiro público.
O conceito de festa remete aos tempos mais antigos da humanidade, onde nossos antepassados celebravam com fartura as grandes conquistas. Com o passar dos anos as “grandes conquistas” foram diminuindo através da história e hoje nos contentamos em celebrar os vultos passados, mas com grande pompa é claro. Um exemplo claro é o nosso 8 de setembro, onde saudamos e reverenciamos a invasão francesa do Maranhão que exterminou povos indígenas, que saqueou nossas riquezas e, se não bastasse, hoje somos nós que gastamos milhões em verbas públicas com artistas renomados deixando de dar prioridade a cultura local, apenas uma repetição do vilipêndio cultural que sofremos através dos séculos.
Na semana passada a polêmica entre o Governador e o Prefeito disputando a Avenida Beira Mar para a realização do carnaval deixou evidente como pensam os dois principais gestores públicos do Maranhão.
De um lado Carlos Brandão usa a força policial para salvaguardar material publicitário numa avenida que legalmente é de responsabilidade da Prefeitura, num claro ato de apropriação autoritária e coronelista. De outro lado Eduardo Braide achando que seria uma ideia genial anunciar a Cidade do Carnaval na mesma área onde ficava o saudoso Circo da Cidade. O prefeito não precisava nem ser genial, bastava lembrar da luta recente da classe artística pela volta daquele espaço tão importante para a cultura local e que foi tirado por João Castelo para a viagem inaugural do natimorto VLT, que também foi colocado no limbo 8 anos por Edivaldo Holanda Jr e por último continua sendo negligenciado por Eduardo Braide, que vem gastando milhões em estruturas gigantescas de palcos, som e iluminação de última geração, mas não tem a sensibilidade de olhar para aqueles que precisam de um espaço para resistir culturalmente numa época em que os gestores públicos se travestem de grandes produtores culturais anunciando com pompa em suas redes sociais a mutilação das raízes culturais maranhenses como se fossem uma espécie de Roberto Medina com dinheiro publico.
Mas é tempo de carnaval, de celebrar as muitas conquistas durante o ano, é preciso comemorar os salários atrasados dos terceirizados, os índices de pobreza do estado e celebrar em loco o estado de abandono do terminal da integração e a precariedade do transporte público na capital, enquanto isso as ressacas eleitorais vão continuar dando dor de cabeça para a população maranhense.
