O boletim do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quarta-feira (10) aponta que a produção industrial do país avançou 1,1% na passagem de fevereiro para março. É o primeiro resultado positivo após dois negativos em sequência, resultando em uma queda acumulada de 0,5%. Com isso, a indústria do país está 1,3% abaixo do patamar pré-pandemia e 17,9% do nível recorde da série histórica, alcançado em maio de 2011.

“Os dois primeiros meses de 2023 foram marcados por queda, embora não tivessem disseminação do resultado negativo entre as atividades. Em março, a maior parte das atividades também ficou no campo positivo e a indústria marcou um crescimento que não era visto desde outubro do ano passado (1,3%)”, afirma André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE.

“Então há uma melhora de comportamento da produção industrial, especialmente considerando esse crescimento de magnitude mais elevada, mas ainda está longe de recuperar as perdas do passado recente.”

Segundo ele, as dificuldades de recuperação do setor industrial podem ser explicadas por análises conjunturais, em especial o elevado patamar da taxa de juros básica do país, que dificulta o acesso ao crédito. Além disso, também entram na conta a alta taxa de inadimplência, o maior nível de endividamento das famílias, o desemprego e a informalidade.

Das 25 atividades pesquisadas, 16 tiveram alta em março. Os destaques ficam com os setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%), máquinas e equipamentos (5,1%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (6,7%).

Macedo comenta que no setor de coque e derivados do petróleo e biocombustíveis, que já havia crescido 0,5% no mês de fevereiro, a alta “vem de base de comparação depreciada”.

“Como esse segmento tinha registrado queda em janeiro e dezembro, vem de base de comparação depreciada. Também podemos destacar o aumento na produção de itens como gasolina automotiva e óleo diesel entre os fatores que impulsionaram esse crescimento”, afirma.

Em relação a máquinas e equipamentos, o resultado positivo ajudou a reverter a queda de 0,7% vista no mês anterior.

“Essa atividade apresenta um crescimento importante com o aumento da produção de máquinas e equipamentos que ficam dentro da indústria, aqueles relacionados com ampliação e/ou modernização do parque industrial, tanto os seriados como os não seriados. Também vale destacar o avanço na fabricação de máquinas e equipamentos voltados para o setor agrícola e o setor de construção.”

Também entre as altas, estão os setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (3,2%), de outros equipamentos de transporte (4,8%), de produtos químicos (0,6%), de couro, artigos para viagem e calçados (2,8%) e de produtos de minerais não metálicos (1,2%).

Já nas baixas, o segmento de confecção de artigos do vestuário e acessórios foi o que mais caiu entre as oito atividades no negativo, com queda de 4,7%.

Móveis (4,3%) e produtos de metal (1%) também se destacaram entre as quedas.

Já entre os maiores setores da pesquisa, bens de capital e bens de consumo duráveis tiveram as maiores expansões em março, a 6,3% e 2,5%, respectivamente. Na sequência, veio o de bens intermediários, com alta de 0,9%.

A única queda foi registrada no setor de bens de consumo semi e não duráveis, a 0,5%, que recuou pelo segundo mês seguido e tem perda acumulada de 0,7% no período.

Expansão anual acima do previsto

A indústria do país avançou 0,9% na comparação entre março de 2023 e março de 2022 — acima da expectativa de 0,4% de analistas consultados pela Reuters.

“Em março, o avanço de 0,9% reverte parte da perda de 2,4% registrada no mês anterior. Mas é preciso considerar dois fatores: o efeito-calendário, já que março deste ano teve um dia útil a mais do que março do ano passado, e a base de comparação depreciada, uma vez que a indústria recuou 1,9% em março de 2022”, afirma Macedo.

As principais influências na expansão vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (11,2%), indústrias extrativas (3,3%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (15,7%).

Outros equipamentos de transporte (22,3%), produtos de borracha e de material plástico (4,4%), produtos alimentícios (0,7%) e impressão e reprodução de gravações (17,5%) também ficam entre os destaques positivos.

Entre as quedas, estão: produtos químicos (9,5%), metalurgia (5,4%), produtos de minerais não metálicos (7,3%), produtos de madeira (15,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (7,3%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,8%).