“As forças repressivas não impedem as pessoas de se expressarem, mas as forçam a se expressar. Que alívio não ter nada a dizer, o direito de não dizer nada, porque só assim há chance de enquadrar o raro, ou cada vez mais raro, o que vale a pena dizer”. (Deleuze)
O filósofo Gilles Deleuze escreveu que a “Filosofia, lança-nos todos em negociações constantes com, e uma campanha guerrilheira contra, nós mesmos”. Uma dessa campanhas é eleger os nossos verdugos. Hoje mesmo li um tecido de elogios a um já falecido que a história mostra tão cínico quanto os encarnados.
E, apesar do recurso filosófico, nada mais falo do que dos políticos, poderiam ser todos, mas hoje vai em especial para os executivos, mais precisamente para o prefeito. Isso mesmo por causa da tortura imposta aos trabalhadores, estudantes, doentes, desempregados, e até aos empresários que arcam com uma boa parcela do custo de uma greve de transporte coletivo.
Deleuze continua que “Por baixo de toda a razão está o delírio e a deriva”. Uma eleição começa com dois delírios: as promessas infames dos candidatos e a crença nelas pelo eleitor. A deriva é uma só: a que lança todos ao esquecimento, ao desprezo, à infâmia, em suma, ao terror do abandono; a exemplo desta, em menos de 4 anos, quinta greve do transporte coletivo, que é usado por mais de 70% da população.
Os insulares prosperam na miséria. Sendo vítimas de todos os açoites. Tudo de ruim sobra para a população, embora esta carregue como única culpa a escolha de suas quimeras, resultado da crença em profetas, salvadores, demiurgos, uma fé cega contra uma espada afiada.
Para finalizar ainda com Deleuze, “Um conceito é um tijolo. Pode ser usado para construir um tribunal da razão. Ou pode ser jogado pela janela”. Mas o eleitor não escolhe a construção da razão nem jogar o tijolo-conceito pela janela, antes disso, prefere repetir os seus erros constantes, ou, escolher coisa pior, ou, ainda: comer o tijolo.
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