sexta-feira, 7 novembro, 2025

A relação entre dois presos da Penitenciária de Pedrinhas está a ponto de cruzar investigações do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.

Em meio a quantidade de materiais e provas coletadas pela Polícia Federal para investigar o caso do assassinato do Tech Office, surge uma carta escrita de próprio punho por Francisco Heydyne do Nascimento, que detalha parte da operação do agiota Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, morto em junho do ano passado, e sua ligação com políticos do Maranhão.

Preso na Penitenciaria de Pedrinhas, acusado de assassinar Pacovan, Francisco Heydyne é marido de Fernanda Costa, braço direito e “fiel depositária” de vários bens do agiota mais conhecido do Maranhão, o casal é acusados pela Polícia Civil do Maranhão pelo crime, mas somente Heydyne permanece recluso, aguardando julgamento.
Assim que chegou a Pedrinhas, Heydyne recebeu ameaças de morte por parte de faccionados, dentro da penitenciaria. Desesperado passou a receber proteção de Gilbson Cutrim, assassino confesso do caso do Tech Office. Além da blindagem, os dois construíram uma relação mais próxima, mas ainda com medo de ser executado, Heydyne escreveu uma longa carta relatando como funcionava a operação de Pacovan e pediu para Gilbson para guardar em segurança, “caso lhe acontecesse alguma coisa”. De posse da carta e com a gravidade das informações contida nela, Gilbson pediu para esposa guardá-la num dia de visita.

 

Com a federalização do caso do Tech Office, essa carta está em posse da Polícia Federal, para periciar a autenticidade do documento, e a Ação passa a ser julgada pelo Superior Tribunal de Justiça, através do Ministro Humberto Martins. O ministro tem sob sua guarda uma montanha de dúvidas, de provas, de nomes e de pessoas que precisam de decisões céleres, testemunhas em proteção, detento removido por segurança e personagens como Daniel Brandão, sobrinho do governador e presidente do Tribunal de Contas do Estado, cuja suposta presença na cena do crime do Tech Office, minutos antes dos tiros precisa de uma explicação.

Mas o que chamou atenção, na semana passada, foi a determinação do Supremo Tribunal Federal através do Ministro Zanin de quebrar o sigilo telefônico de Pacovan, para resgatar do telefone conversas que possam deixar claro a rede em torno do famoso agiota e de como funcionava a sua operação no Estado.

Esta ação corre no STF e investiga suspeitas de corrupção passiva e organização criminosa envolvendo parlamentares e gestores públicos. Pacovan é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos principais articuladores de um esquema de desvio de recursos provenientes de emendas parlamentares, e foi citado na denúncia que envolve dois deputados federais do Maranhão.

Agora, as ações dos dois tribunais superiores parecem se cruzar.

O trecho da carta que tivemos acesso detalha os nomes de funcionários contratados pela Assembleia Legislativa, transporte de dinheiro em avião para Iracema Vale e Marcus Brandão; relata, inclusive, ter vídeos de malas do dinheiro e comprovantes de depósitos feitos por Marcus na conta de Fernanda Costa e na conta da Madeireira Cearense de sua propriedade, entre outros.

Checamos os nomes contidos na carta de pessoas nomeadas pela Assembleia Legislativa e de fato estavam lotadas na Casa do Povo, porém foram demitidas apenas um mês após a morte de Pacovan.

Veja o trecho da carta.

Cabe agora a Polícia Federal comprovar a autenticidade dessa carta, bem como as informações descritas nela. Caso as informações contidas no documento sejam verdadeiras, estaremos diante de um escândalo sem precedentes na política maranhense.

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